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SP desobrigará uso de máscara em área aberta; liberação em escola é dúvida

Governador de São Paulo, João Doria - Divulgação/Governo de São Paulo
Governador de São Paulo, João Doria Imagem: Divulgação/Governo de São Paulo

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

08/03/2022 15h27Atualizada em 08/03/2022 18h51

O governo de São Paulo decidiu desobrigar o uso de máscaras de proteção contra a covid-19 em ambientes abertos no estado, mas ainda estuda se essa a medida valerá ou não para áreas livres de escolas neste momento, segundo o UOL apurou.

A obrigatoriedade do item de proteção deve continuar valendo em ambientes fechados.

A suspensão do uso obrigatório da máscara e a decisão final sobre as escolas devem ser anunciadas amanhã (9) pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes. Na semana passada, Doria disse que havia "boa expectativa" pela liberação ao ar livre.

A preocupação da gestão em relação às escolas é que os índices de vacinação nas crianças não estão adequados para a flexibilização. A plataforma VacinaJá, do governo paulista, aponta que 70,3% das crianças receberam uma dose, quando o patamar ideal seria de 80%. As crianças vacinadas com duas doses correspondem a 19,2% do total.

A melhora nos índices de novos casos, internações e óbitos pela covid-19 e o avanço na aplicação da dose de reforço no estado abriram espaço para que a liberação das máscaras voltasse a ser discutida pelo Comitê Científico, que assessora Doria na condução da pandemia.

Mesmo a liberação em espaço aberto foi adotada com cautela após o surto de casos da variante ômicron em janeiro deste ano.

Foi a variante que mudou os planos do governador e fez com que ele recuasse quando anunciou uma liberação do uso de máscaras em ambientes abertos pela primeira vez, em novembro do ano passado.

Um recente estudo da prefeitura de São Paulo defendeu o fim da obrigatoriedade de uso de máscaras em ambientes abertos, como ruas e parques. Mas entende que, em locais fechados, como no transporte público, a máscara deve continuar sendo usada.

Para o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e presidente da SBMT (Sociedade Brasileira de Medicina Tropical), os indicadores da pandemia em São Paulo permitem que a flexibilização das máscaras aconteça, com monitoramento dos números da pandemia.

"São Paulo está em um processo de liberar essas medidas de forma gradativa porque é possível liberar e acompanhar o impacto daqui a duas semanas. Se houver um aumento de casos e internações, é importante retroagir e impor medidas preventivas individuais e coletivas. Mas, do ponto de vista de São Paulo, estão sendo bastante prudentes", opina o pesquisador.

Dentro das escolas, Croda diz que os indicadores de transmissão e vacinação devem ser analisados.

"É preciso aumentar a cobertura das vacinas neste público para não ter impacto de hospitalização e óbito no público pediátrico. Nas escolas, a liberação talvez só no momento em que o vírus tiver mais endemicidade e cobertura vacinal", explica o médico, que vê o indicador de 80% das crianças com primeira dose como o ideal.

O infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), pede mais cautela. "A liberação não deve ser norteada pela vacinação, mas pela taxa de transmissão. Estamos em queda, mas com números altos. Nas próximas semanas, poderíamos conversar sobre liberação de máscaras, mas, hoje, não entendo que seria o momento".

O Brasil registrou ontem 211 mortes pela covid-19, com média móvel abaixo de 500 pelo quinto dia consecutivo, segundo os dados do consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte. São Paulo está em tendência de queda na média de mortes, com -56%.

Segundo dados do governo de São Paulo, a ocupação de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no estado está em 38,5%, enquanto de enfermarias está em 28,8%.

Os dados do VacinaJá, do governo paulista, apontam que 83,3% da população está completamente vacinada com duas doses. A dose de reforço foi aplicada em 21 milhões de pessoas.

Liberações em capitais

Em Macapá e Belo Horizonte, as máscaras deixaram de ser obrigatórias em ambientes abertos. No Rio de Janeiro, a prefeitura foi além e liberou o uso também em lugares fechados.

A obrigatoriedade do item de proteção ao ar livre já havia sido encerrada em outubro passado. Com isso, estabelecimentos públicos e privados deixam de ser obrigados a exigir o uso de máscaras em suas instalações no Rio.

Na capital do Amapá, a decisão já está valendo e combina outras flexibilizações, como liberação de capacidade total em eventos. Por lá, a medida vale até 21 de março. Segundo a prefeitura, o número de casos segue estável e a vacinação continua avançando.

Em BH, a medida passou a valer na última sexta-feira (4). A prefeitura argumenta que evidências científicas demonstram que há menor probabilidade de transmissão em espaços abertos.

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