Franceses bombardeiam cidade do Mali, onde o clima de tensão continua
A tensão continua nesta segunda-feira (11) em Gao, no norte do Mali, onde os militares franceses retiraram as minas terrestres da delegacia e dos arredores, após um bombardeio ao amanhecer para eliminar os islamitas armados escondidos.
No domingo, combates entre soldados do Exército do Mali e islamitas infiltrados foram registrados no centro de Gao, atingida por dois atentados suicidas em dois dias.
Ao menos dois islamitas e três civis morreram nos confrontos, que também terminaram com 17 feridos, entre eles 15 civis e dois soldados malinenses, segundo médicos do hospital da cidade.
Os corpos dos civis mortos foram levados ao necrotério.
"Ao menos dois terroristas" foram mortos nos combates, assegurou um oficial no Mali.
Na tarde desta segunda-feira, soldados franceses retiraram quatro minas colocadas nas ruinas da delegacia da cidade, assim como um foguete e duas granadas, constatou um fotógrafo da AFP.
As minas foram explodidas de forma controlada. Paralelamente, o principal mercado de Gao, localizado próximo a delegacia, foi evacuado no início da tarde por soldados franceses para facilitar o trabalho de busca de minas.
"Tememos um atentado. Por razões de segurança nós evacuamos o mercado", explicou por sua vez um militar malinense.
Disparos esporádicos foram ouvidos no norte da cidade às 13h00 locais (11h00 no horário de Brasília).
A delegacia central, que era a sede da polícia islâmica quando os jihadistas do Movimento pela Unidade e a Jihad na África Ocidental (Mujao) ocupavam a cidade, foi bombardeada ao amanhecer por um helicóptero do exército francês, segundo testemunhas.
"Segunda fase de operações"
O prédio foi totalmente destruído e havia vários pedaços de corpos humanos. O número de vítimas ainda é desconhecido.
Outra testemunha afirmou que um dos islamitas no interior da delegacia se explodiu, sem indicar se isso foi antes ou durante o bombardeio.
Nesta manhã, centenas de homens, mulheres e crianças se reuniram em frente à delegacia.
Os combates em Gao, 1.200 km de Bamako, indicam a retomada das atividades pelos islamitas armados, que em um primeiro momento fugiram das cidades reconquistas pelos soldados do Exército do Mali e da França no final de janeiro.
Pela primeira vez na história do Mali, dois atentados suicidas foram realizados em Gao. Ambos reivindicados pelo Mujao.
"Os fiéis de Deus atacaram com sucesso o Exército do Mali, que deixou entrar os inimigos do Islã em Gao. Os mujahidines estão na cidade de Gao e vão continuar", declarou à AFP Abu Walid Sahraui, porta-voz do Mujao.
Esses ataques são "a segunda fase das operações", considerou Pascal Le Pautremat, estudante especializado em questões militares e do norte do Mali, afirmando serem ações "programadas e previsíveis".
Iniciada em 11 de janeiro para parar a ofensiva jihadista em direção ao sul do Mali e da capital Bamako, a operação do Exército francês, em conjunto com o Exército malinense, possibilitou a reconquista de Gao, Timbuktu e Kidal, grandes cidades ocupadas por nove meses por grupos ligados à Al-Qaeda.
O avanço das tropas francesas e do Mali não teve resistência, os islamitas pareciam ter fugido para se refugiar em áreas desérticas, especialmente nos maciços de Ifoghas, na região de Kidal, 1.500 km ao noroeste de Bamako, perto da Argélia.
Mas há quatro dias, os grupos armados têm provado sua capacidade de resistir em Gao, reconquista em 26 de janeiro por soldados franceses e do Mali, o que parece marcar um ponto de viragem na sua estratégia.
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