Papa Francisco impõe seu estilo: humilde e simples, mas firme
CIDADE DO VATICANO, 15 Mar 2013 (AFP) - Em menos de dois dias, o novo Papa Francisco impôs seu estilo muito pessoal de simplicidade, humildade, franqueza e firmeza.
Os cardeais comentaram a atitude humilde do Papa antes de sua eleição, e muitos dos gestos que manifestaram sua rejeição pelos privilégios. Desta forma, entre outras coisas, fez questão de usar o elevador com seus "irmãos" cardeais, pegou o micro-ônibus com eles, recusando o carro particular, e até fez questão de pagar pela hospedagem. Enquanto os príncipes da Igreja esperavam em fila para cumprimentá-lo, foi diretamente cumprimentar o cardeal indiano Ivan Dias, imobilizado em sua cadeira de rodas, relataram os cardeais franceses.
Nos meios de transportes públicos de Roma, ainda se falava do "gesto" inesperado do novo Papa jesuíta quando, todo vestido de branco, sem a estola vermelha sobre os ombros, fez sua primeira aparição diante da multidão que o aguardava na Praça São Pedro.
"Primeiro... primeiro, peço a vocês um favor!", pediu enquanto todos esperavam a sua benção "urbi et orbi". "Peço que rezem para o Senhor para que ele me abençoe: a oração do povo, pedindo a benção para o seu pastor. Em silêncio façam esta oração por mim!".
Ele então se inclinou para receber a benção dos fiéis em um silêncio impressionante.
"Para muitos entre nós cardeais ele pediu ajuda da fé na oração, logo após sua eleição", confirmou o cardeal de Bordeaux Jean-Pierre Ricard. Ele também disse que "era um pescador". "Eu preciso de vossa oração", confiou ao cardeal de Lyon Philippe Barbarin.
Esta atitude de humildade espiritual, de responsabilidade diante do povo cristão, por temor, talvez pelo peso esmagador, é expressa nas palavras pronunciadas nos dez minutos históricos passados na sacada da Basílica de São Pedro.
Neste momento ele não se apresentou como um soberano universal, mas como um simples "bispo de Roma".
Ele citou um caminho a começar em conjunto, "bispo e povo" indissoluvelmente ligados, "caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós". Ele insistiu na fraternidade, na confiança, na colegialidade. Valores que precisam ser colocados em ordem em uma Igreja dividida, abalada por escândalos e muitas vezes distantes das pessoas simples.
Neste curto momento, deixou escapar, à maneira de João Paulo II, uma pitada de humor: "me parece que meus irmãos cardiais foram buscar o bispo de Roma no fim do mundo"!. Também fez um apelo à oração para o Papa emérito Bento XVI. Depois, em latim, como um padre diante de seu rebanho, puxou um Pai Nosso e uma Ave Maria.
Para finalizar, suas palavras simples, que lembram o "bom Papa João" XXIII e sua humildade: "Irmãos e irmãs, muito obrigado pela acolhida. Rezem por mim e até breve. Amanhã quero ir rezar a Nossa Senhora, para que ela proteja Roma. Boa noite e bom descanso".
Em sua segunda aparição pública, na manhã de quinta-feira, ele rezou e depositou um buquê simples de flores diante de uma antiga imagem da Virgem Maria na basílica romana Santa Maria Maior.
Se recolheu diante de outro altar, o de Santo Inácio de Loyola, fundador da ordem dos jesuítas. Rezou sua primeira missa e, em seguida, cumprimentou, um a um, os confessores na Basílica: "vocês são os confessores, então sejam misericordiosos para com as almas, elas precisam", disse sobriamente, como para insistir em uma Igreja que deve julgar menos e compreender mais.
Na parte da tarde, na Capela Sistina, sua primeira missa "Pro ecclesia", sob o Juízo Final de Michelangelo, o novo Papa surpreendeu mais uma vez com sua homilia improvisada, breve, mas muito pensada, repreendendo a "mundanidade" e pelo envolvimento caritativo em nome de Cristo.
Com uma vestimenta litúrgica simples, mitra cor clara, Francisco celebrou ante os cardeais e não de costas para eles. Pronunciou em italiano a homilia, enquanto Bento XVI se expressava em latim. Os cardeais escutaram atentamente as palavras severas em uma voz doce.
"Quando caminhamos sem a Cruz, quando construímos sem a Cruz e quando nos confessamos em Cristo sem a Cruz, não somos discípulos do Senhor, somos mundanos, bispos, padres, cardeais, papas, tudo, tudo... Mas não discípulos do Senhor", lançou.
Evocando a Igreja, o Papa acrescentou: "quando não construímos sobre pedras, acontece o que acontece com as crianças quando constroem castelos na areia. Desmorona".
jlv/mle/pt/mr
Os cardeais comentaram a atitude humilde do Papa antes de sua eleição, e muitos dos gestos que manifestaram sua rejeição pelos privilégios. Desta forma, entre outras coisas, fez questão de usar o elevador com seus "irmãos" cardeais, pegou o micro-ônibus com eles, recusando o carro particular, e até fez questão de pagar pela hospedagem. Enquanto os príncipes da Igreja esperavam em fila para cumprimentá-lo, foi diretamente cumprimentar o cardeal indiano Ivan Dias, imobilizado em sua cadeira de rodas, relataram os cardeais franceses.
Nos meios de transportes públicos de Roma, ainda se falava do "gesto" inesperado do novo Papa jesuíta quando, todo vestido de branco, sem a estola vermelha sobre os ombros, fez sua primeira aparição diante da multidão que o aguardava na Praça São Pedro.
"Primeiro... primeiro, peço a vocês um favor!", pediu enquanto todos esperavam a sua benção "urbi et orbi". "Peço que rezem para o Senhor para que ele me abençoe: a oração do povo, pedindo a benção para o seu pastor. Em silêncio façam esta oração por mim!".
Ele então se inclinou para receber a benção dos fiéis em um silêncio impressionante.
"Para muitos entre nós cardeais ele pediu ajuda da fé na oração, logo após sua eleição", confirmou o cardeal de Bordeaux Jean-Pierre Ricard. Ele também disse que "era um pescador". "Eu preciso de vossa oração", confiou ao cardeal de Lyon Philippe Barbarin.
Esta atitude de humildade espiritual, de responsabilidade diante do povo cristão, por temor, talvez pelo peso esmagador, é expressa nas palavras pronunciadas nos dez minutos históricos passados na sacada da Basílica de São Pedro.
Neste momento ele não se apresentou como um soberano universal, mas como um simples "bispo de Roma".
Ele citou um caminho a começar em conjunto, "bispo e povo" indissoluvelmente ligados, "caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós". Ele insistiu na fraternidade, na confiança, na colegialidade. Valores que precisam ser colocados em ordem em uma Igreja dividida, abalada por escândalos e muitas vezes distantes das pessoas simples.
Neste curto momento, deixou escapar, à maneira de João Paulo II, uma pitada de humor: "me parece que meus irmãos cardiais foram buscar o bispo de Roma no fim do mundo"!. Também fez um apelo à oração para o Papa emérito Bento XVI. Depois, em latim, como um padre diante de seu rebanho, puxou um Pai Nosso e uma Ave Maria.
Para finalizar, suas palavras simples, que lembram o "bom Papa João" XXIII e sua humildade: "Irmãos e irmãs, muito obrigado pela acolhida. Rezem por mim e até breve. Amanhã quero ir rezar a Nossa Senhora, para que ela proteja Roma. Boa noite e bom descanso".
Em sua segunda aparição pública, na manhã de quinta-feira, ele rezou e depositou um buquê simples de flores diante de uma antiga imagem da Virgem Maria na basílica romana Santa Maria Maior.
Se recolheu diante de outro altar, o de Santo Inácio de Loyola, fundador da ordem dos jesuítas. Rezou sua primeira missa e, em seguida, cumprimentou, um a um, os confessores na Basílica: "vocês são os confessores, então sejam misericordiosos para com as almas, elas precisam", disse sobriamente, como para insistir em uma Igreja que deve julgar menos e compreender mais.
Na parte da tarde, na Capela Sistina, sua primeira missa "Pro ecclesia", sob o Juízo Final de Michelangelo, o novo Papa surpreendeu mais uma vez com sua homilia improvisada, breve, mas muito pensada, repreendendo a "mundanidade" e pelo envolvimento caritativo em nome de Cristo.
Com uma vestimenta litúrgica simples, mitra cor clara, Francisco celebrou ante os cardeais e não de costas para eles. Pronunciou em italiano a homilia, enquanto Bento XVI se expressava em latim. Os cardeais escutaram atentamente as palavras severas em uma voz doce.
"Quando caminhamos sem a Cruz, quando construímos sem a Cruz e quando nos confessamos em Cristo sem a Cruz, não somos discípulos do Senhor, somos mundanos, bispos, padres, cardeais, papas, tudo, tudo... Mas não discípulos do Senhor", lançou.
Evocando a Igreja, o Papa acrescentou: "quando não construímos sobre pedras, acontece o que acontece com as crianças quando constroem castelos na areia. Desmorona".
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