Partido de Yanukovytch responsabiliza presidente por banho de sangue
O partido do presidente deposto Viktor Yanukovytch o acusa em um comunicado de ser o "responsável por acontecimentos trágicos" na Ucrânia e condena sua "traição".
"A Ucrânia foi traída, os ucranianos confrontados uns aos outros", afirma o Partido das Regiões, que acusa "Yanukovytch e seus aliados". O Parlamento destituiu no sábado Yanukovytch, que está em local desconhecido.
O Parlamento ucraniano designou o presidente da Casa, Olexandr Turchynov, como presidente interino até as eleições antecipadas para 25 de maio, após a destituição de fato, no sábado, de Viktor Yanukovytch, que permanece em paradeiro desconhecido.
Turchynov tem até terça-feira para formar um governo de unidade nacional, que será responsável por organizar as eleições e por tentar cicatrizar as feridas abertas pela crise política, que deixou pelo menos 80 mortos e aprofundou ainda mais a divisão do país, que enfrenta uma grave situação financeira.
Também neste domingo, Yulia Tymoshenko, líder da oposição a Yanukovytch e libertada da prisão no sábado, disse que não aspira o cargo de primeira-ministra.
O centro de Kiev, que durante a semana praticamente virou uma praça de guerra, parecia recuperar o ar de normalidade, apesar da presença das forças de segurança e das barricadas dos manifestantes.
Nas proximidades, as lojas, que permaneceram fechadas nos últimos dias, começaram a abrir as portas.
Ao mesmo tempo, foram registrados saques na sede do Partido Comunista, aliado do partido de Yanukovytch no Parlamento, e a fachada do prédio foi pintada com palavras como "criminosos", "assassinos", "escravos de Yanukovytch".
Desde o início da semana, quase 40 estátuas de Lenin foram derrubadas ou destruídas, principalmente na região leste do país.
Na luxuosa residência do presidente deposto foram encontrados documentos que detalham um sistema de subornos organizado e uma lista de jornalistas que deveriam ser vigiados.
A casa, que será restituída ao Estado por decisão do Parlamento, permaneceu aberta durante a noite para que os cidadãos pudessem constatar o luxo e a suntuosidade do lugar, considerado o símbolo da corrupção do regime.
Fora do país, o governo dos Estados Unidos e o Fundo Monetário Internacional (FMI) ofereceram ajuda ao novo governo ucraniano.
A comunidade internacional teme que a crise tenha aprofundado a divisão entre o leste, de língua russa e pró-Moscou, majoritário, e o oeste nacionalista de língua ucraniana.
A chefe de Governo da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente russo, Vladimir Putin, concordaram neste domingo que é necessário preservar "a integridade territorial" da Ucrânia, informou um porta-voz do governo alemão.
O governo dos Estados Unidos também afirmou que uma divisão da Ucrânia não é do interesse de ninguém.
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, pediu às autoridades políticas ucranianas que atuem de "maneira responsável" para manter a "integridade territorial" e a "unidade" do país.
Na mesma linha, a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu a Tymoshenko que trabalhe pela "unidade do país" e pela "unidade da atual oposição". O partido da ex-primeira-ministra, que estava detida desde 2011, anunciou que as duas se encontrarão em breve.
Em Kharkov, cidade do leste do país, as autoridades locais questionaram a legitimidade do Parlamento ucraniano, que segundo elas trabalha "sob a ameaça das armas".
Em Sebastopol (Crimeia, sul), 2.000 pessoas protestaram contra os "fascistas no poder em Kiev".