Entenda o que é um califado
DUBAI, 30 Jun 2014 (AFP) - Os jihadistas sunitas que proclamaram a criação de um califado nas zonas conquistadas do Iraque e Síria se apresentam como herdeiros de um regime que existiu da época do profeta Maomé até um século atrás.
O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), que a partir de agora se chama Estado Islâmico (EI), pediu a todos os muçulmanos que jurem lealdade a seu chefe, proclamado califa, o que representa uma ameaça para o papel da Al-Qaeda na causa jihadista mundial.
O que é um califado?
Depois da morte do profeta Maomé, em 632, seus seguidores concordaram com a criação do califado, que significa sucessão em árabe, como um novo sistema de governo.
O califa é literalmente o sucessor do profeta como chefe da nação e líder da "umma", comunidade de muçulmanos, e tem o poder de aplicar a lei islâmica (sharia) na terra do Islã.
Uma eleição em duas etapas escolheu o primeiro califa: os representantes das comunidades muçulmanas o designaram antes que seu nome fosse proposto ao povo para que lhe jurasse lealdade.
No entanto, desde o primeiro dia, existe uma disputa entre os muçulmanos sobre o conceito de califado, que se mantém principalmente como um sistema sunita. Os xiitas acham que o primo e genro de Maomé, Ali Ibn Abi Talib, e seus descendentes têm o direito divino de dirigir os muçulmanos depois da morte do profeta.
Os sucessivos califas expandiram o império islâmico do oeste até a atual Arábia Saudita.
A expansão do território do Islã sempre representou uma parte do papel do califado. Por exemplo, em seu apogeu, o Império Otomano abarcava o Oriente Médio e o norte da África, o Cáucaso e partes do leste da Europa.
Quanto tempo esteve vigente o califado?
Para os muçulmanos mais fervorosos, o califado durou até sua abolição na Turquia como consequência do desaparecimento do Império Otomano depois da Primeira Guerra Mundial.
No entanto, acredita-se que o califado tenha durado apenas três décadas, durante o governo dos primeiros quatro sucessores de Maomé, conhecido como os Quatro Califas Bem Guiados ou os Quatro Califas Ortodoxos.
Posteriormente, várias dinastias lutaram pelo poder e governaram os territórios do vasto império, como os Omíadas em Damasco (661-750), os Abássida em Bagdá (750-1258), os Omíadas em Córdoba (929-1031) e os Otomanos na Turquia (1453-1924).
Apesar de os dirigentes destas dinastias adotarem o título de califa, os processos de sucessão foram essencialmente hereditários.
Em março de 1924, o presidente turco, Mustafa Kemal Atatürk, aboliu constitucionalmente a instituição do califado.
Existem movimentos partidários de reviver o califado?
O Islã político defende a sharia como um sistema de vida, incluindo a política.
O fundador da Irmandade Muçulmana, Hassan al Bana, considerava o califado um símbolo da unidade islâmica e seu restabelecimento era o objetivo da organização, apesar de afirmar que o califado deveria ser precedido por um acordo de cooperação entre os estados muçulmanos.
O Hizb ut Tahrir (Partido da Libertação) é um grupo pan-islâmico criado em 1953, que defende a unificação dos países muçulmanos sob um califado.
Al-Qaeda queria estabelecer um califado?
"O grande sonho da Al-Qaeda era a criação de um Estado Islâmico desde os atentados de 11 de setembro", segundo Mustafá al Ani, do Gulf Research Centre.
Para os jihadistas, o anúncio do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) é apenas "o núcleo do califado, que se expandirá com a queda de outros estados", explicou.
Os talibãs instalaram em 1996, no Afeganistão, um emirado islâmico, que dirigiu o país até sua queda, depois da intervenção dos Estados Unidos em 2001.
O califado tem futuro?
Um estado islâmico poderá subsistir na atual conjuntura "caracterizado pela fragilidade do poder em Bagdá e na ausência de uma intervenção estrangeira", afirma Ani.
Para manter-se, o califa deve "acabar com outros grupos islamitas que não sejam leais, castigar qualquer tentativa de insurreição popular, reforçar capacidades defensivas e generalizar os tribunais islâmicos", concluiu.
ak-tm/hkb/dv/tjc/jz/cn
O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), que a partir de agora se chama Estado Islâmico (EI), pediu a todos os muçulmanos que jurem lealdade a seu chefe, proclamado califa, o que representa uma ameaça para o papel da Al-Qaeda na causa jihadista mundial.
O que é um califado?
Depois da morte do profeta Maomé, em 632, seus seguidores concordaram com a criação do califado, que significa sucessão em árabe, como um novo sistema de governo.
O califa é literalmente o sucessor do profeta como chefe da nação e líder da "umma", comunidade de muçulmanos, e tem o poder de aplicar a lei islâmica (sharia) na terra do Islã.
Uma eleição em duas etapas escolheu o primeiro califa: os representantes das comunidades muçulmanas o designaram antes que seu nome fosse proposto ao povo para que lhe jurasse lealdade.
No entanto, desde o primeiro dia, existe uma disputa entre os muçulmanos sobre o conceito de califado, que se mantém principalmente como um sistema sunita. Os xiitas acham que o primo e genro de Maomé, Ali Ibn Abi Talib, e seus descendentes têm o direito divino de dirigir os muçulmanos depois da morte do profeta.
Os sucessivos califas expandiram o império islâmico do oeste até a atual Arábia Saudita.
A expansão do território do Islã sempre representou uma parte do papel do califado. Por exemplo, em seu apogeu, o Império Otomano abarcava o Oriente Médio e o norte da África, o Cáucaso e partes do leste da Europa.
Quanto tempo esteve vigente o califado?
Para os muçulmanos mais fervorosos, o califado durou até sua abolição na Turquia como consequência do desaparecimento do Império Otomano depois da Primeira Guerra Mundial.
No entanto, acredita-se que o califado tenha durado apenas três décadas, durante o governo dos primeiros quatro sucessores de Maomé, conhecido como os Quatro Califas Bem Guiados ou os Quatro Califas Ortodoxos.
Posteriormente, várias dinastias lutaram pelo poder e governaram os territórios do vasto império, como os Omíadas em Damasco (661-750), os Abássida em Bagdá (750-1258), os Omíadas em Córdoba (929-1031) e os Otomanos na Turquia (1453-1924).
Apesar de os dirigentes destas dinastias adotarem o título de califa, os processos de sucessão foram essencialmente hereditários.
Em março de 1924, o presidente turco, Mustafa Kemal Atatürk, aboliu constitucionalmente a instituição do califado.
Existem movimentos partidários de reviver o califado?
O Islã político defende a sharia como um sistema de vida, incluindo a política.
O fundador da Irmandade Muçulmana, Hassan al Bana, considerava o califado um símbolo da unidade islâmica e seu restabelecimento era o objetivo da organização, apesar de afirmar que o califado deveria ser precedido por um acordo de cooperação entre os estados muçulmanos.
O Hizb ut Tahrir (Partido da Libertação) é um grupo pan-islâmico criado em 1953, que defende a unificação dos países muçulmanos sob um califado.
Al-Qaeda queria estabelecer um califado?
"O grande sonho da Al-Qaeda era a criação de um Estado Islâmico desde os atentados de 11 de setembro", segundo Mustafá al Ani, do Gulf Research Centre.
Para os jihadistas, o anúncio do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) é apenas "o núcleo do califado, que se expandirá com a queda de outros estados", explicou.
Os talibãs instalaram em 1996, no Afeganistão, um emirado islâmico, que dirigiu o país até sua queda, depois da intervenção dos Estados Unidos em 2001.
O califado tem futuro?
Um estado islâmico poderá subsistir na atual conjuntura "caracterizado pela fragilidade do poder em Bagdá e na ausência de uma intervenção estrangeira", afirma Ani.
Para manter-se, o califa deve "acabar com outros grupos islamitas que não sejam leais, castigar qualquer tentativa de insurreição popular, reforçar capacidades defensivas e generalizar os tribunais islâmicos", concluiu.
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