Presidente alemão reconhece 'genocídio' armênio e 'corresponsabilidade' da Alemanha

Em Berlim

  • EFE/Boris Roessler

    O presidente alemão, Joachim Gauck

    O presidente alemão, Joachim Gauck

A Alemanha reconheceu nesta quinta-feira (23) pela primeira vez o "genocídio" armênio pela voz de seu presidente, Joachim Gauck, que destacou a "corresponsabilidade" alemã na crime.

"Nós também devemos, nós alemães, fazer o nosso trabalho de memória", declarou, referindo-se à "corresponsabilidade e, potencialmente, até mesmo cumplicidade (da Alemanha) no Genocídio Armênio", durante uma cerimônia religiosa em Berlim, na véspera do centenário oficial dos massacres perpetrados pelos turcos otomanos, que deixaram 1,5 milhão de vítimas entre 1915 e 1917.

Esta é a primeira vez que a Alemanha utiliza oficialmente o termo "genocídio" para se referir aos massacres. Vinte países, incluindo França e Rússia, já reconheceram isso, ainda que Ancara continue a rejeitar este termo.

Gauck assume, assim, o risco de ofender a Turquia, um importante aliado que Berlim sempre tentou poupar sobre este assunto. A Alemanha é o lar da maior comunidade turca no exterior, estimada em cerca de três milhões de pessoas.

Em um texto publicado na segunda-feira e que deve ser discutido na sexta-feira na Bundestag, os grupos parlamentares alemães não vão tão longe quanto Gauck, contentado-se em estabelecer uma relação entre o massacre dos armênios aos "genocídios" do século 20. A iniciativa recebeu o apoio do Governo alemão após um longo debate.

O Parlamento austríaco provocou a ira de Ancara na quarta-feira ao reconhecer o genocídio armênio, pela primeira vez neste país aliado, assim como a Alemanha, ao Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial. A Turquia reagiu convocando para consultas seu embaixador na Áustria.

Evitando estigmatizar a Turquia, Gauck, um ex-pastor da RDA, insistiu na responsabilidade alemã em seu discurso durante um culto ecumênico na Catedral Protestante de Berlim.

Soldados alemães "participaram no planejamento e, em parte, nas deportações de armênios", observou ele. "As informações de observadores e diplomatas alemães deixaram clara a vontade de extermínio contra os armênios e foram ignoradas" porque o Reich alemão era aliado do Império Otomano.

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