Novo líder talibã pede "unidade" em primeira mensagem de áudio

Cabul, 1 Ago 2015 (AFP) - O novo líder dos talibãs, o mulá Akhtar Mansur, pediu a unidade do grupo em sua primeira mensagem de áudio, divulgada no momento em que aumentam os rumores sobre uma suposta divisão após o anúncio da morte de seu antecessor, o mulá Omar.

Poucas horas depois de Mansur ter sido designado como o subcessor do mulá Omar, dirigentes talibãs questionaram a decisão, alegando que foi parcial e precipitada.

A mensagem de Mansur parece assim destinada a tentar diminuir o risco de uma divisão do movimento, cuja liderança também se mostra dividida sobre as negociações de paz iniciadas com o governo afegão.

Além disso, os talibãs enfrentam a concorrência feroz da organização jihadista Estado Islâmico, que recruta cada vez mais comandantes talibãs decepcionados com seus superiores.

"Deveríamos trabalhar todos para preservar a unidade, a divisão em nossas fileiras vai satisfazer apenas os nossos inimigos, e nos causará mais problemas", afirma o mulá Mansur na mensagem.

Na mensagem, de 33 minutos, também pede aos talibãs que continuem com a insurgência que espalha o terror no Afeganistão durante 14 anos e recomenda que não se deixem enganar pela propaganda estrangeira.

"Nosso objetivo é aplicar a sharia (lei islâmica) e a jihad continuará até que isto seja uma realidade", afirmou Mansur na mensagem, lida em pashtun, o idioma mais falado no Paquistão e no Afeganistão.

Mansur era o braço direito do mulá Omar, mas aparentemente sua nomeação não foi um consenso.

Alguns criticam a proximidade de Mansur com o Paquistão, enquanto outros gostariam de ver o filho de Omar, Yacub, como seu sucessor.

A decisão de nomear Mansur "foi tomada de forma apertada" em uma reunião da Shura (conselho) de Quetta, órgão central dos talibãs, que debate na cidade do sudoeste do Paquistão, segundo um integrante do organismo.

"Vários membros do conselho, incluindo três membros fundadores dos talibãs, foram contrários", disse a fonte.

Mansur é considerado um pragmático e um partidário das conversações de paz com o governo de Cabul.

Na mensagem, Mansur cita o diálogo, mas sem revelar suas intenções.

"O inimigo diz que existe um processo de paz. Como vocês sabem, o inimigo divulga muita propaganda", declara Mansur.

Na quarta-feira passada, o anúncio surpreendente da morte do mulá Omar, que aconteceu em abril de 2013, segundo o serviço de inteligência paquistanês, provocou o cancelamento de uma reunião entre os talibãs e o governo afegão, prevista para sexta-feira no Paquistão.

O objetivo da reunião era ajustar o diálogo iniciado em julho para negociar o fim do conflito, que começou em 2001, quando as tropas americanas derrubaram o governo talibã

O governo afegão, que confirmou a morte de Omar, ainda não se pronunciou sobre a substituição no comando dos talibãs.

A liderança talibã nomeou dois adjuntos de Mansur, p mulá Haibatullah Ajundzada, ex-chefe dos tribunais talibãs, e Sirajuddin Haqani, filho de Jalaludin Haqani, líder da rede de mesmo nome, um influente braço talibã muito presente na região entre o Paquistão e o Afeganistão.

Talibãs negam morte do fundador da rede HaqaniOs talibãs negaram neste sábado os "boatos" sobre a morte de Jalaludin Haqani, fundador da rede de mesmo nome e aliado dos insurgentes islamitas, um dia depois da nomeação de seu filho Sirajudin para comandar o movimento.

A imprensa paquistanesa informou na sexta-feira que Jalaludin Haqani, faleceu há um ano por causas naturais.

Segundo a imprensa paquistanesa, os rebeldes islamitas teriam optado por manter o mito do líder morto, algo parecido com o que ocorreu com o mulá Omar, líder histórico da rebelião talibã que faleceu em abril de 2013 no Paquistão, segundo o serviço secreto afegão, mas que só teve a morte confirmada esta semana.

Após as informações sobre a morte de Jalaludin, que teria 70 anos, os talibãs anunciaram neste sábado que que o líder "estava doente, mas graças a Deus sua saúde é boa há algum tempo e não tem nenhum problema".

"Os rumores sobre a morte de Jalaludin Haqani (...) não têm fundamento", afirma um comunicado divulgado na internet.

Natural da província afegã de Khost (leste), Haqani é um dos combatentes islamitas mais respeitados nos círculos jihadistas da região por sua luta contra os soviéticos nos anos 80 e contra os americanos, a partir de 11/9/2001.

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