Os principais protagonistas da morte de Bin Laden, cinco anos depois
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Pete Souza/White House
Presidente dos EUA acompanha invasão do esconderijo de Osama Bin Laden
Cinco anos depois do ataque americano que matou Osama Bin Laden, escondido na época no Paquistão, muitos dos principais protagonistas seguem na linha de frente, enquanto outros estão em paradeiro desconhecido.
Barack Obama
Um dos slogans oficiais da campanha eleitoral de Barack Obama para ser reeleito em 2012 resumia, assim, seu primeiro mandato: "Osama Bin Laden está morto e a General Motors está viva".
Foi reeleito depois de ter conseguido fazer com que a economia dos Estados Unidos se recuperasse, de ter retirado as tropas do Iraque e, com o ataque de Abbottabad, desferido um dos maiores golpes na Al-Qaeda.
Obama vive agora seus últimos meses na Casa Branca. A ameaça que a Al-Qaeda representava na época foi substituída pelo cada vez mais poderoso grupo Estado Islâmico. Os conflitos em Síria, Iraque, Líbia e Iêmen estão se tornando perenes.
As forças americanas seguem muito envolvidas no Afeganistão, onde estão sendo realizadas ações para negociar um acordo de paz com os talebans. Uma das promessas mais importantes de Obama, fechar a prisão de Guantánamo, continua sendo uma incógnita.
Sohaib Athar, o homem que tuitou ao vivo o ataque dos EUA
O técnico de informática paquistanês, de 39 anos, se tornou famoso por avisar ao mundo, via Twitter, de que algo estranho estava ocorrendo naquela noite em sua tranquila cidade de Abbottabad.
Naquele momento, Athar administrava um pequeno café e estava trabalhando em seu computador durante a noite quando ouviu um som incomum.
"Helicóptero sobrevoa Abbottabad à uma da manhã (muito raro)", escreveu em um tuíte que entrou para a história por ser o primeiro a falar do ataque. Intrigado, Athar seguiu discutindo com outros internautas sobre o que poderia estar acontecendo até que finalmente foi dormir.
Após este episódio, recebeu uma avalanche de pedidos para ser entrevistado pelos meios de comunicação ocidentais. Também foi interrogado pelos serviços secretos paquistaneses.
"Perguntaram-me 'O que é Twitter?'. Queriam que explicasse o que era", lembra, divertido, em uma entrevista recente à AFP.
Nos dias posteriores ao ataque, Sohaib Athar viu os seguidores de sua conta no Twitter se multiplicarem e superarem os 100.000.
Atualmente Athar, que vive em outro lugar, virou a página daquele episódio. "Parei de pensar (neste acontecimento). Param mim foi apenas uma peripécia. A vida continua", explica.
As forças especiais americanas, os Navy Seals
Em novembro de 2014, um ex-membro dos Navy Seals, Robert O'Neill, admitiu publicamente ter abatido Osama Bin Laden com três tiros.
As declarações provocaram comoção no comando de elite da Marinha, já que seus membros são obrigados a manter em sigilo os dados sobre suas missões.
O'Neill disse ter divulgado sua versão dos fatos para ajudar as famílias das vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Desde então, trabalha como especialista em segurança, sobretudo para a rede Fox News, e criou um fundo de ajuda aos veteranos dos serviços especiais.
"Embora tenham nos pedido o que muita gente acreditava ser impossível, conseguimos criar um espírito de equipe e alcançar nosso objetivo", é possível ler em seu site em relação ao ataque de Abbottabad.
Sem notícias das esposas de Bin Laden
Osama Bin Laden teve cinco esposas, mas quando se escondeu no Paquistão, na primavera de 2002, estava acompanhado pela iemenita Amal, a mais jovem e favorita, e por duas mulheres sauditas.
Amal e ele estavam no quarto da residência de Abbottabad quando o ataque começou. Pouco depois da meia-noite acordaram com um barulho "parecido com uma tempestade", segundo um relatório paquistanês publicado na imprensa.
Vendo um soldado americano invadir o quarto e apontar uma arma contra Bin Laden, Amal se lançou contra ele e ficou ferida.
Após o ataque, as três viúvas foram entregues às autoridades paquistanesas e permaneceram um ano em prisão domiciliar em Islamabad, antes de serem expulsas à Arábia Saudita. Desde então não há notícias delas.
Ayman al Zawahiri, o sucessor do califa
O homem que foi durante muito tempo o número dois da Al-Qaeda passou a dirigir a organização após a morte repentina de Bin Laden. Seu reinado está marcado por uma queda da organização, o contrário da trajetória meteórica do grupo rival Estado Islâmico, que controla grandes zonas do Iraque e da Síria e multiplica seus ataques.
Uma das últimas aparições públicas de Zawahiri remonta a julho de 2015.
Segundo os especialistas, vive escondido na zona fronteiriça entre Paquistão e Afeganistão. É difícil avaliar a importância de sua influência no seio da organização.
"Ele se esconde e quer evitar uma captura", estima o autor e analista paquistanês Ahmed Rashid, destacando que o grupo perdeu sua influência no subcontinente. "A Al-Qaeda está mais ativa na Arábia Saudita, na Síria e no Iraque", em particular através de sua filial Al-Nosra, segundo ele.
Mas para William McCants, especialista em jihadismo no Brookings Institution em Washington, a discrição de Zawahiri não quer dizer que tenha perdido o controle da organização.
"Pensávamos que a contribuição de Bin Laden às filiais (da Al-Qaeda) era muito pequena, até que descobrimos uma grande quantidade de documentos em Abbottabad", explica.