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Soldado israelense é condenado a 18 meses de prisão por morte de palestino

O soldado israelense Elor Azaria é abraçado pela mãe, Oshra, no começo de audiência judicial em Tel Aviv - Jim Hollander/AFP
O soldado israelense Elor Azaria é abraçado pela mãe, Oshra, no começo de audiência judicial em Tel Aviv Imagem: Jim Hollander/AFP

Em Tel Aviv

21/02/2017 10h02

Um tribunal militar israelense condenou nesta terça-feira a 18 meses de prisão o soldado Elor Azaria, culpado de ter matado um palestino ferido no chão, uma pena que é considerada pela Autoridade Palestina uma "luz verde" para os "crimes do Exército de ocupação".

O sargento de 21 anos é o primeiro soldado israelense a ser condenado por homicídio em mais de dez anos, segundo a imprensa.

O jovem entrou na sala de audiências de Tel Aviv sob aplausos.

Vestido com um uniforme verde e sem algemas, mostrou um grande sorriso, beijou sua companheira e abraçou sua mãe, seu pai e seus amigos, presentes em cada uma das audiências.

Do lado de fora, várias dezenas de pessoas, muito vigiadas pela polícia após os confrontos registrados em uma audiência em janeiro, manifestaram seu apoio ao soldado com cartazes nos quais era possível ler "morte aos terroristas" e "não deixamos nossos combatentes caírem".

O soldado, membro de uma unidade paramédica, foi filmado no dia 24 de março de 2016 quando atirava na cabeça de Abdul Fatah al Sharif em Hebron, Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel.

O palestino, ferido com um tiro e deitado no chão, havia acabado de atacar soldados com uma faca.

Após um mês de um julgamento excepcional em Israel, que trouxe à tona profundas divisões no país, o tribunal o declarou culpado de homicídio no dia 4 de janeiro, e só agora pronunciou sua pena.

A promotoria havia pedido um mínimo de três anos de prisão para o sargento.

"Estimamos que a pena apropriada para o acusado não deve ser inferior a três anos nem superior a cinco anos", havia afirmado o promotor militar Nadav Weisman.

Elor Azaria "matou uma pessoa, embora se trate de um terrorista", havia argumentado o promotor militar Nadav Weisman.

O soldado foi detido logo depois da publicação do vídeo e se declarou inocente.

Seus advogados argumentaram que Elor Azaria poderia ter pensado que o palestino carregava explosivos, mas outras pessoas afirmaram que já havia sido comprovado que o homem não tinha um cinturão de explosivos e que ninguém no vídeo parece agir com cautela em relação ao jovem palestino.

Isto "poderia ter acontecido com qualquer um de nós", disse no julgamento Ori Elon, um soldado de sua unidade.

'Luz verde para crimes da ocupação'

Para a Autoridade Palestina, a pena de 18 meses de prisão constitui "luz verde" para que os crimes continuem ocorrendo.

"O governo palestino encara esta decisão contra o soldado assassino como uma luz verde para que os crimes do exército de ocupação prossigam", denunciou, em declarações à AFP, o porta-voz do governo palestino, Tareq Rishmaui.

No momento dos fatos, os Territórios Palestinos, Jerusalém e Israel estavam em meio a uma onda de violência quase diária que em vários meses deixou 252 palestinos, 40 israelenses, dois americanos, um jordaniano, um eritreu e um sudanês mortos, segundo um balanço da AFP.

As autoridades israelenses afirmam que os palestinos mortos eram agressores, as autoridades palestinas denunciam, por sua vez, "execuções".