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Rússia e China vetam resolução da ONU sobre sanções contra a Síria

28/02/2017 15h40

Nações Unidas, Estados Unidos, 28 Fev 2017 (AFP) - A Rússia e a China vetaram nesta terça-feira uma resolução da ONU apoiada por potências ocidentais que pretendia impor sanções contra a Síria devido ao uso de armas químicas.

A proposta de resolução, elaborada pelo Reino Unido, a França e os Estados Unidos, recebeu nove votos a favor no Conselho de Segurança, enquanto três países se opuseram a ela - China, Rússia e Bolívia. O Cazaquistão, a Etiópia e o Egito se abstiveram.

As resoluções da ONU precisam de nove votos a favor e nenhum veto para serem adotadas.

Foi a sétima vez que a Rússia, o principal aliado militar da Síria, usou seu poder de veto para proteger o regime de Damasco.

O presidente russo, Vladimir Putin, havia advertido que impor sanções contra a Síria durante as negociações de paz em Genebra era "completamente inapropriado" e prejudicaria o esforço para acabar com os quase seis anos de conflito.

"Esta resolução é muito apropriada", disse a embaixadora dos Estados Unidos, Nikki Haley, ao Conselho depois que a medida foi derrotada na votação.

"É um dia triste no Conselho de Segurança, quando os membros começam a dar desculpas para outros Estados-membros que estão matando seu próprio povo", acrescentou. "O mundo é definitivamente um lugar mais perigoso".

"Momento da verdade"A resolução teria colocado 11 sírios, em sua maioria comandantes militares, e 10 entidades ligadas aos ataques químicos de 2014 e 2015 em uma lista negra de sanções da ONU, que incluíam a proibição da venda de helicópteros e de agentes químicos às forças armadas sírias ou ao governo.

As propostas foram feitas após uma investigação liderada pelas Nações Unidas que concluiu, em outubro passado, que a Força Aérea síria havia lançado bombas de cloro de helicópteros em áreas controladas por rebeldes em 2014 e 2015.

O embaixador francês, Francois Delattre, disse que o voto era um "momento da verdade" para o Conselho, argumentando que o uso de armas químicas era uma "negação de toda civilização".

O painel conjunto das Nações Unidas e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) também descobriu que os extremistas do Estado Islâmico usaram gás de mostarda em um ataque em 2015.

EUA se unem a Reino Unido e FrançaA votação marcou a primeira grande ação do Conselho pelo novo governo dos Estados Unidos, que busca laços mais estreitos com a Rússia.

A França e o Reino Unido divulgaram a proposta em dezembro, e neste mês o novo governo americano se uniu como copatrocinador do projeto de resolução.

O embaixador adjunto russo, Vladimir Safronkov, reproduziu a opinião de Putin de que a imposição de sanções prejudicaria as negociações de paz, e descreveu o projeto de resolução como uma "provocação" da "troika" ocidental.

O governo sírio nega ter usado armas químicas na guerra, que deixou 310 mil mortos desde março de 2011.

O embaixador chinês, Liu Jieyi, argumentou que as sanções eram prematuras e que o painel da ONU-Opaq deveria ser autorizado a concluir as suas investigações.

"As investigações ainda estão em andamento e, portanto, é cedo para chegar a uma conclusão final", disse Liu ao Conselho.

A China se uniu à Rússia no veto a seis resoluções sobre a Síria.

O Reino Unido, a França e os Estados Unidos são os outros membros permanentes do Conselho de Segurança.

As negociações impulsadas pelas Nações Unidas, que começaram na quinta-feira em Genebra, se depararam com obstáculos quando a Rússia insistiu em que a luta contra o terrorismo fosse adicionada à agenda - pressionando grupos da oposição com vínculos com combatentes islâmicos.

Putin - cuja intervenção militar na Síria ajudou a virar o jogo em favor do presidente Bashar al-Assad - lamentou que as negociações na Suíça "não estejam indo tão bem como esperado".

A Rússia usou seu poder de veto duas vezes para bloquear demandas de um cessar-fogo em Aleppo, a cidade síria que foi controlada pelas forças do governo em dezembro.

A Rússia e a China também bloquearam em 2014 um pedido para que o Tribunal Penal Internacional abrisse investigações sobre crimes de guerra cometidos durante o conflito sírio.