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Polícia: vazamentos nos EUA atrapalham investigação sobre atentado em Manchester

Agentes forenses passam por passarela que liga a estação Victoria e a Manchester Arena - Paul Ellis/AFP
Agentes forenses passam por passarela que liga a estação Victoria e a Manchester Arena Imagem: Paul Ellis/AFP

Em Manchester

25/05/2017 06h02

Os vazamentos sobre o atentado de Manchester realizados por fontes de outros governos à imprensa "minam" a investigação, afirmou a polícia britânica, que, de acordo com a BBC, parou de compartilhar informações com Washington.

Ao mesmo tempo, a investigação para desmantelar a célula responsável pelo atentado prossegue e mais dois homens foram detidos nesta quinta-feira (25) na região de Manchester, o que eleva a oito o número de detidos.

A BBC revelou nesta quinta-feira, sem identificar as fontes, que a polícia de Manchester está "furiosa" com os vazamentos e decidiu parar de compartilhar informações com Washington sobre o atentado que deixou 22 mortos e 59 feridos.

A ministra do Interior da Grã-Bretanha, Amber Rudd, chamou de "irritante" o vazamento de informações. A imprensa britânica informou que a primeira-ministra Theresa May abordará a questão com o presidente Donald Trump na reunião de cúpula da Otan nesta quinta-feira em Bruxelas.

Uma fonte da unidade de polícia antiterrorista disse que os investigadores dependem da confiança dos sócios na área de segurança ao redor do mundo e destacou: "Quando a confiança é rompida, mina as relações e mina nossa investigação".

"Este dano é ainda maior quando implica a publicação não autorizada de provas potenciais em meio a uma grande investigação contraterrorista", completou a fonte.

O protesto acontece depois que a imprensa americana divulgou o nome do autor do atentado antes das autoridades britânicas. Na quarta-feira (24), o jornal "The New York Times" publicou fotos dos vestígios da bomba utilizada na Manchester Arena na segunda-feira.

Além disso, o ministro do Interior da França, Gérard Collomb, declarou à imprensa de seu país que Abedi passou pela Líbia e provavelmente pela Síria antes de executar o atentado, no momento em que Londres havia divulgado apenas seu nome e idade.

"Isto é completamente inaceitável", disse uma fonte do governo britânico.

"Estas imagens que vazam dentro do sistema americano são um incômodo para as vítimas, suas famílias e para a opinião pública em geral", completou.

Oito detidos no total

Uma das detenções desta quinta-feira aconteceu durante uma operação de busca em uma casa de Withington, na periferia de Manchester. A outra aconteceu na cidade, indicou a polícia.

Uma mulher que havia sido detida na quarta-feira à tarde em Blackley, bairro da zona norte da cidade, foi liberada sem acusações.

As novas detenções elevam a oito o número de homens detidos no Reino Unido no âmbito da investigação do atentado de segunda-feira à noite ao final de um um show da cantora americana Ariana Grande.

O atentado, reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), deixou 22 mortos e dezenas de feridos. O autor foi identificado como Salman Abedi, um britânico de origem líbia de 22 anos, que detonou uma carga explosiva na saída do show.

Outros seis homens haviam sido detidos na terça-feira e quarta-feira.

O irmão e o pai de Salman Abedi foram detidos na quarta-feira na capital da Líbia, Trípoli.

Minuto de silêncio e reinício da campanha

Às 11h desta quinta (7h de Brasília), o Reino Unido vai respeitar um minuto de silêncio em memória das vítimas. Em seguida, os partidos políticos retomarão a campanha das eleições de 8 de junho, em um país que se encontra no nível máximo de alerta terrorista.

"O povo britânico está unido em sua determinação de que o terrorismo não vença. Não nos privarão de seguir adiante com nossas vidas cotidianas nem farão descarrilar o processo democrático", afirmou o líder trabalhista Jeremy Corbyn em um comunicado.

Antes da suspensão da campanha, os conservadores de May haviam perdido parte de sua vantagem nas pesquisas.

A primeira-ministra teve que alterar na segunda-feira um ponto polêmico de seu programa eleitoral depois que a sua vantagem caiu consideravelmente, de 20% a 9%, nas pesquisas de intenção de voto.