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Almagro questiona diálogo para superar crise na Venezuela

28/11/2017 21h33

Washington, 28 Nov 2017 (AFP) - O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, questionou nesta terça-feira (28) o diálogo que o governo de Nicolás Maduro e seus adversários empreenderão esta semana na República Dominicana, descartando que irá levar à superação da crise na Venezuela.

"Não apresenta uma agenda que resolva os temas principais do país, isto é, a saída política até a democracia na Venezuela", disse, assinalando que um esquema eleitoral sem garantias para o eleitor só perpetuaria Maduro no poder.

"Apresentar uma eleição para fevereiro é uma piada de muito mau gosto (...) O que faria seria garantir uma vitória do regime, assegurando a eles mais seis anos de permanência no poder", enfatizou.

Almagro, abertamente crítico de Maduro, denunciou uma "fraude" eleitoral na votação regional de outubro e na que foi eleita em julho a Assembleia Nacional Constituinte, que rege com poderes absolutos.

"O diálogo ainda hoje não é suficientemente inclusivo", disse, após se reunir na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA) com o prefeito opositor de Caracas, Antonio Ledezma, que dias atrás fugiu para a Espanha após burlar a prisão domiciliar que cumpria desde 2015.

Segundo Almagro, estas conversas não propiciaram que se somem plataformas políticas como as de Ledezma.

Delegados de Maduro e da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática se reunirão na sexta-feira e no sábado em Santo Domingo para acordar saídas à crise política e econômica.

Almagro também afirmou que na MUD há setores que representam a oposição na Venezuela e setores que não, e pediu para diferenciá-los.

"A oposição vai ter que separar o joio do trigo e terá que somar aqueles elementos políticos, sociais, econômicos que impliquem um desafio ao poder e levem pelo caminho da redemocratização", disse.

Ledezma disse que o diálogo, como está apresentado, é "um instrumento ao serviço do governo", que chamou de "narcotirania".

"Não é nada além de uma paródia", destacou. "Mais do que dialogar, o que se deve fazer é estabelecer as condições para definir a saída de Nicolás Maduro, e estipular na Venezuela um governo de transição".

As negociações em Santo Domingo, após várias tentativas frustradas de aproximação entre as partes desde 2014, são rejeitadas por setores opositores que consideram que o diálogo é uma artimanha de Maduro e uma "traição" após os protestos que deixaram 125 mortos entre abril e julho.

Um porta-voz de Ledezma disse que o prefeito não solicitou asilo político à Espanha, mas se amparou em uma figura migratória que lhe permite entrar e sair do país para denunciar a situação na Venezuela.