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Liberianos escolhem seu presidente em ambiente calmo

26/12/2017 18h13

Monróvia, 26 dez 2017 (AFP) - Os liberianos votaram nesta terça-feira (26) em um ambiente calmo para determinar se a lenda do futebol George Weah, ou o atual vice-presidente Joseph Boakai, será o sucessor de Ellen Johnson Sirleaf, após o fechamento das seções eleitorais e início da contagem de votos, cujo resultado será revelado dentro de alguns dias.

A Libéria não conheceu uma transição democrática nas últimas três gerações.

Catorze anos depois do fim da guerra civil (1989-2003, 250.000 mortos), o segundo turno das presidenciais ocorreu "em respeito ao processo eleitoral", disse à AFP a eurodeputada María Arena, encarregada de uma missão de 81 observadores da União Europeia. Uma rede de associações civis, a Liberia Elections Observation Network (LEON), também constatou isto.

Diferentemente do primeiro turno, em 10 de outubro, os eleitores esperaram pouco antes de emitir seu voto, observou a AFP. As seções eleitorais fecharam às 18h00 locais (16h00 de Brasília). No total, 2,1 milhões de eleitores estavam registrados neste país.

Prevista para 7 de novembro, a votação ocorreu um dia após o Natal, mais sóbrio que o habitual, e isso pode ter afetado a taxa de comparecimento. Não obstante, a Comissão Eleitoral, cuja equipe "estava melhor preparada", segundo Arena, se mostrou eficaz.

"Encontrei facilmente o local que tinha que votar. É genial", comemorou Gabriel Peters, de 27 anos.

O país, muito atingido pela epidemia de ebola, ainda vive sob a sombra de Charles Taylor, de 69 anos, ex-chefe de guerra e presidente (1997-2003) condenado a 50 anos de prisão, que cumpre no Reino Unido, por crimes de guerra e conta a humanidade cometidos em Serra Leoa.

Este segundo turno para designar o sucessor da primeira mulher chefe de Estado na África foi suspenso pela Corte Suprema depois do recurso apresentado pelo candidato que ficou em terceiro lugar.

No primeiro turno, Weah ficou em primeiro lugar com 38,4% dos votos, e Boakai em segundo, com 28,8%.

Após os recursos judiciais, a data do segundo turno não foi bem recebida e afetou a celebração do Natal.

"Não podemos fazer festa porque temos que votar amanhã", se queixava na segunda-feira Emmanuel Johnson, morador de Monróvia.

"A atmosfera é totalmente diferente. Por causa das eleições, mas também porque as pessoas não têm dinheiro", disse Samuel Mehn, de 54 anos e pai de uma família grande.

- Certos da vitória -George Weah, ex-astro internacional do PSG e do Milan na década de 1990, é o favorito por ter recebido mais votos no primeiro turno e ter sido o mais votado em 11 das 15 províncias do país.

Paralelamente ao processo judicial, fez negociações para ganhar o apoio dos outros 18 candidatos do primeiro turno, seladas com algumas certezas para Weah, como o apoio de Prince Johnson, um antigo senhor da guerra convertido em clérigo.

Weah também somou a adesão do partido de Charles Brumskine e na quinta-feira participou de um ato público com Johnson Sirleaf, alimentando as especulações de que ela não apoia o vice-presidente que a acompanhou por 12 anos.

O candidato favorito, de 51 anos, é muito popular entre os jovens.

"Tenho o povo comigo, um grande partido e uma coalizão poderosa. Me preparei para comendar este país e a vitória será nossa", afirmou o ex-jogador, que no sábado reuniu milhares de pessoas no maior estádio de Monróvia.

Weah afirma que acumulou experiência e aprendeu com os erros de suas duas tentativas anteriores de chegar ao poder, em 2005 como candidato a presidente e em 2011 como aspirante à vice-presidência.

Desde 2014 é senador pela província de Montserrado, a mais populosa do país, e escolheu como candidata a vice-presidente Jewel Howard-Taylor, ex-mulher de Charles Taylor.

Mas a situação não cruzou os braços e Boakai advertiu os jovens para não cometerem o "erro" de votar em Weah.

"A vitória é minha", afirmou no domingo Boakai, de 73 anos, diante de dezenas de militantes que se reuniram em seu quartel-general.

A presidente em fim de mandato, Ellen Johnson Sirleaf, deixará o poder em janeiro depois de 12 anos no governo, nos quais teve que reconstruir o país após a guerra civil e supervisionar a resposta à crise de saúde causada pelo ebola (2014-2016).

Sirleaf, prêmio Nobel da Paz de 2011, não podia mais se candidatar após cumprir dois mandatos.

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