Incidentes marcam conferência sobre Síria, organizada pela Rússia
Sochi, Rússia, 31 Jan 2018 (AFP) - Os representantes de Moscou não conseguiam convencer nesta terça-feira (30) os delegados da sociedade civil e política síria a superar suas divisões agravadas por seis anos de guerra no início da conferência de paz em Sochi.
Entre boicotes, vaias na sala, assobios e bandeiras, o dia de debates terminou com um comunicado final que propõe a criação de um comitê encarregado de "redigir um projeto de reforma constitucional".
"O povo sírio decide por si só sobre o futuro de seu país por vias democráticas (...) sem pressão ou interferência externa", acrescentou o texto.
Este comitê deverá trabalhar sob os auspícios da ONU e "deveria no mínimo integrar o governo, a oposição representada nas negociações de Genebra (sob supervisão da ONU), especialistas sírios, a sociedade síria, independentes, líderes tribais e mulheres", explicou em coletiva de imprensa o emissário da ONU, Staffan de Mistura.
Para de Mistura, há um avanço da "teoria à prática".
"Nunca havíamos tido o governo e a oposição envolvidos em uma discussão sobre uma nova constituição porque não havia acordo", disse aos jornalistas presentes na sede da ONU, falando por telefone de Sochi.
"Acho que alcançamos este ponto", afirmou.
O ceticismo sobre o resultado e o alcance do que se decida na reunião ficou em evidência pela ausência em Sochi dos principais grupos da oposição na Síria, dos curdos, assim como das potências ocidentais.
"As negociações terminaram com nosso repúdio categórico a participar em Sochi", disse à AFP Ahmad Al Saud, que chefia a Divisão 13, um grupo rebelde apoiado pelos Estados Unidos.
Segundo fontes dentro da oposição, alguns rebeldes presentes se negaram a sair do aeroporto depois de ver a logomarca da conferência que inclui apenas a bandeira oficial síria e não a criada pela oposição no começo do conflito, com três estrelas entre as faixas verde e preta.
A reunião foi convocada pela iniciativa de Moscou, principal apoio de Bashar al Assad, com o consentimento de Teerã e de Ancara. Ela tem o objetivo de definir uma nova Constituição, tema que já foi tratado nas infrutíferas discussões de quinta e sexta-feira em Viena organizadas pela ONU.
Segundo fontes da oposição, alguns rebeldes presentes se negaram a sair do aeroporto, ao verem que a logo da conferência que inclui só a bandeira oficial síria e não a criada pela oposição no início do conflito, com três estrelas entre as faixas verde e preta.
A reunião foi convocada por iniciativa de Moscou, principal apoiador de Bashar al Assad, com o consentimento de Teerã e Ancara.
"Se um ou dois grupos não puderam participar, não faço disto uma tragédia", declarou o minsitro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
O discurso de Lavrov perante os cerca de 1.500 participantes foi interrompido por assobios e gritos de "Viva a Rússia!", quando lida a mensagem de boas-vindas do presidente Vladimir Putin.
A Rússia se tornou um dos atores inevitáveis do conflito na Síria desde que lançou em setembro de 2015 uma campanha militar que permitiu às forças de Bashar al Assad reconquistar terreno.
A diplomacia russa, junto com os iranianos, apoia o governo sírio, e a turca, país que apoia os grupos da oposição, impulsou o ciclo de negociação de Astana em que se criaram as "zonas de distensão" no terreno. Moscou, entretanto, tem dificuldades em transformar esses resultados em avanços políticos.
Moscou assegurou que a sociedade síria está representada em seu conjunto, mas a maioria dos participantes são afiliados ao partido Baas no poder ou são membros de formações aliadas a esse ou da oposição "tolerada" por Damasco. O governo não está representado.
A rejeição a participar de importantes grupos da oposição dos curdos, além do fracasso das negociações de Viena, parecem confirmar o impasse em que se encontra a busca de uma solução política a este conflito que deixou de 340.000 mortos desde 2011.
O Comitê de Negociações Sírias (CNS), que representa os principais grupos de oposição, anunciou que não participaria após o fracasso de Viena.
Os rebeldes compareceram, mas individualmente.
Os curdos anunciaram o domingo que não participariam na reunião "devido à situação na Afrin", enclave curdo do norte da Síria onde a Turquia lançou uma ofensiva há uma semana.
As potências ocidentais também se mostraram céticas com esta iniciativa russa. Temem que isso enfraqueça as discussões organizadas pela ONU em Genebra e aponte a obter um acordo de paz vantagem para o regime de Damasco.
Estados Unidos e França afirmaram que não enviarão observadores a Sochi.
tm-rh-gmo/all/lch/pa.
Entre boicotes, vaias na sala, assobios e bandeiras, o dia de debates terminou com um comunicado final que propõe a criação de um comitê encarregado de "redigir um projeto de reforma constitucional".
"O povo sírio decide por si só sobre o futuro de seu país por vias democráticas (...) sem pressão ou interferência externa", acrescentou o texto.
Este comitê deverá trabalhar sob os auspícios da ONU e "deveria no mínimo integrar o governo, a oposição representada nas negociações de Genebra (sob supervisão da ONU), especialistas sírios, a sociedade síria, independentes, líderes tribais e mulheres", explicou em coletiva de imprensa o emissário da ONU, Staffan de Mistura.
Para de Mistura, há um avanço da "teoria à prática".
"Nunca havíamos tido o governo e a oposição envolvidos em uma discussão sobre uma nova constituição porque não havia acordo", disse aos jornalistas presentes na sede da ONU, falando por telefone de Sochi.
"Acho que alcançamos este ponto", afirmou.
O ceticismo sobre o resultado e o alcance do que se decida na reunião ficou em evidência pela ausência em Sochi dos principais grupos da oposição na Síria, dos curdos, assim como das potências ocidentais.
"As negociações terminaram com nosso repúdio categórico a participar em Sochi", disse à AFP Ahmad Al Saud, que chefia a Divisão 13, um grupo rebelde apoiado pelos Estados Unidos.
Segundo fontes dentro da oposição, alguns rebeldes presentes se negaram a sair do aeroporto depois de ver a logomarca da conferência que inclui apenas a bandeira oficial síria e não a criada pela oposição no começo do conflito, com três estrelas entre as faixas verde e preta.
A reunião foi convocada pela iniciativa de Moscou, principal apoio de Bashar al Assad, com o consentimento de Teerã e de Ancara. Ela tem o objetivo de definir uma nova Constituição, tema que já foi tratado nas infrutíferas discussões de quinta e sexta-feira em Viena organizadas pela ONU.
Segundo fontes da oposição, alguns rebeldes presentes se negaram a sair do aeroporto, ao verem que a logo da conferência que inclui só a bandeira oficial síria e não a criada pela oposição no início do conflito, com três estrelas entre as faixas verde e preta.
A reunião foi convocada por iniciativa de Moscou, principal apoiador de Bashar al Assad, com o consentimento de Teerã e Ancara.
"Se um ou dois grupos não puderam participar, não faço disto uma tragédia", declarou o minsitro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
O discurso de Lavrov perante os cerca de 1.500 participantes foi interrompido por assobios e gritos de "Viva a Rússia!", quando lida a mensagem de boas-vindas do presidente Vladimir Putin.
A Rússia se tornou um dos atores inevitáveis do conflito na Síria desde que lançou em setembro de 2015 uma campanha militar que permitiu às forças de Bashar al Assad reconquistar terreno.
A diplomacia russa, junto com os iranianos, apoia o governo sírio, e a turca, país que apoia os grupos da oposição, impulsou o ciclo de negociação de Astana em que se criaram as "zonas de distensão" no terreno. Moscou, entretanto, tem dificuldades em transformar esses resultados em avanços políticos.
Moscou assegurou que a sociedade síria está representada em seu conjunto, mas a maioria dos participantes são afiliados ao partido Baas no poder ou são membros de formações aliadas a esse ou da oposição "tolerada" por Damasco. O governo não está representado.
A rejeição a participar de importantes grupos da oposição dos curdos, além do fracasso das negociações de Viena, parecem confirmar o impasse em que se encontra a busca de uma solução política a este conflito que deixou de 340.000 mortos desde 2011.
O Comitê de Negociações Sírias (CNS), que representa os principais grupos de oposição, anunciou que não participaria após o fracasso de Viena.
Os rebeldes compareceram, mas individualmente.
Os curdos anunciaram o domingo que não participariam na reunião "devido à situação na Afrin", enclave curdo do norte da Síria onde a Turquia lançou uma ofensiva há uma semana.
As potências ocidentais também se mostraram céticas com esta iniciativa russa. Temem que isso enfraqueça as discussões organizadas pela ONU em Genebra e aponte a obter um acordo de paz vantagem para o regime de Damasco.
Estados Unidos e França afirmaram que não enviarão observadores a Sochi.
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