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Três mortos em ataque reivindicado pelo EI na França

23/03/2018 21h11

Trèbes, França, 24 Mar 2018 (AFP) - Ao menos três pessoas morreram e várias ficaram feridas nesta sexta-feira (23), no sul da França, em um atentado reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) e executado por um homem que foi abatido pelas forças de segurança. Ele ficou entrincheirado durante várias horas em um supermercado.

"Nosso país sofreu um ataque terrorista islamita", declarou o presidente francês, Emmanuel Macron, após uma reunião de crise.

O autor deste ataque, cometido em várias etapas entre as cidades de Carcassonne e Trèbes, foi identificado como Radouane Lakdim, um francês nascido no Marrocos (em Taza, norte), de 25 anos. Atuou sozinho e era conhecido por "pequena delinquência", declarou à imprensa o ministro francês do Interior, Gérard Collomb.

O agressor disse estar "disposto a morrer pela Síria" e pediu durante os ataques "a libertação dos irmãos", segundo o procurador antiterrorista de Paris, François Molins. Entre os nomes que citou está, segundo uma fonte com acesso à investigação, o de Salah Abdeslam, único membro ainda vivo dos comandos que executaram os ataques de 13 de novembro de 2015 em Paris. Abdeslam está preso na capital francesa.

O grupo extremista Estado Islâmico rapidamente reivindicou o ataque por meio de sua agência de propaganda Amaq.

"O homem (...) é um soldado do Estado Islâmico, que atuou em resposta a uma convocação" a agir "contra os países-membros da coalizão" internacional contra o grupo no Iraque e na Síria, segundo um comunicado postado na rede social Telegram.

A França participa da coalizão militar internacional que intervém na Síria e no Iraque contra o Estado Islâmico.

Vigiado por contactar pessoas ativas na Internet da esfera extremista, Radouane Lakdim esteve na prisão por crimes do direito comum. Em sua saída, voltou a ser vigiado, mas não mostrou sinais "que pudessem pressagiar um passo à ação terrorista", assinalou Molins em coletiva de imprensa.

O procurador também anunciou que uma mulher próxima a Lakdim, com quem compartilhava a vida, foi detida nesta sexta no fim da tarde.

- Ataque em três etapas -O agressor executou o massacre em um violento percurso que culminou em uma tomada de reféns em um supermercado.

Radouane Lakdim "roubou primeiro um automóvel em Carcassonne, matando o passageiro e ferindo o motorista". Um pouco mais longe, disparou e feriu levemente um policial que voltava de uma corrida com outros agentes perto de um quartel.

Alguns minutos mais tarde, às 11h15 locais, entrou no supermercado de Trèbes e matou um funcionário e um cliente. No estabelecimento havia cerca de 50 pessoas, segundo Molins.

Quando os gendarmes chegaram, um tenente-coronel de 45 anos, Arnaud Beltrame, se ofereceu como refém em troca que o agressor libertasse civis.

O gendarme deixou "seu telefone aberto" sobre uma mesa, o que permitiu a seus colegas ouvir o que acontecia dentro do local.

Às 14h20, Radouane Lakdim disparou contra o gendarme, ferindo-o em duas ocasiões. Foi então que as forças especiais intervieram. Durante a operação, mais dois gendarmes ficaram feridos.

Christian Guibbert, um policial aposentado, contou à AFP ter visto "um indivíduo muito exaltado que tinha uma pistola, uma faca e que gritava 'Allahu Akbar'".

"Eu estava a cinco metros", contou um segurança do supermercado, que preferiu permanecer anônimo. "Disparou contra mim duas vezes. Atirava mal", disse, indicando que "retirou as pessoas por trás".

Um último balanço do atentado fala em três mortos e cincos feridos, dois deles em estado crítico. O gendarme Arnaud Beltrame estava entre a vida e a morte nesta sexta-feira.

O governo português informou à noite que havia um cidadão português entre os feridos graves.

- França em alerta -A França continua em alerta depois de uma série de atentados, desde o ataque contra a sede do semanário satírico Charlie Hebdo em janeiro de 2015 e que deixou 12 mortos.

A onda de atentados extremistas deixou um total de 238 mortos e centenas de feridos em 2015 e 2016. Vários desses ataques, ou tentativas de ataques, tiveram como alvos militares e policiais.

As autoridades temem novos atentados apesar do aumento das medidas de segurança instauradas pelo governo, cujo sinal mais visível é a mobilização de 10 mil militares em ruas, estações e locais turísticos.

O ataque anterior reivindicado na França pelo EI ocorreu em Marselha, em 1º de outubro. Nesse dia, um tunisiano de 29 anos, Ahmed Hanachi, matou dois jovens na estação Saint-Charles ao grito de "Allahu Akbar", antes de ser abatido por militares.