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Regime sírio reforça sua presença nos arredores de Ghuta Oriental

28/03/2018 14h27

Beirute, 28 Mar 2018 (AFP) - As forças do regime sírio consolidaram sua presença nos arredores de Duma, último reduto rebelde em Ghuta Oriental, enquanto prosseguiam as evacuações de insurgentes e civis desta região devastada.

Apoiado por seu aliado russo, o governo de Bashar al-Assad já reconquistou mais de 90% do último reduto insurgente na periferia de Damasco em uma ofensiva que forçou dois grupos rebeldes a aceitar as evacuações.

Esta operação militar, lançada em 18 de fevereiro, matou mais de 1.600 civis e devastou localidades inteiras, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Os bombardeios cessaram com o início das evacuações, mas Duma, nas mãos do grupo Jaish al-Islam, teme novos ataques aéreos enquanto as negociações entre a Rússia e os rebeldes islâmicos estão num impasse.

O regime e seu aliado russo ameaçaram retomar os combates para forçar a saída do Jaish al-Islam, que está determinado a continuar em Duma, onde cerca de 200.000 civis vivem, segundo estatísticas locais.

"Todas as forças em Ghuta Oriental se dirigem para Duma, na expectativa de uma vasta operação militar a ser lançada se os terroristas do Jaish al-Islam se recusarem a ceder", indicou na quarta-feira o jornal pró-governo al-Watan, que cita uma fonte militar.

Na mesma cidade, a tensão aumenta e centenas de pessoas se reuniram no centro, exigindo saber o resultado das negociações, ou pedindo a libertação dos prisioneiros detidos pelos rebeldes, segundo moradores locais.

O OSDH havia indicado que as negociações deveriam facilitar a permanência em Duma do Jaish al-Islam em troca do destacamento da polícia militar russa, enquanto o setor deveria receber os serviços básicos do Estado sírio (água, eletricidade), sem a entrada do Exército.

Mas as negociações estancaram diante da exigência do grupo rebelde de uma anistia geral para que os habitantes da Duma possam se movimentar livremente, segundo uma fonte próxima ao caso.

Novas evacuações estavam sendo preparadas nesta quarta no reduto que estava sob controle da facção islâmica Faylaq al-Rahmane.

Mais de 1.500 pessoas, incluindo 398 combatentes, esperavam em cerca de trinta ônibus, segundo a televisão estatal.

Todos os dias, o processo se repete. Após longas horas de espera e revisões meticulosas sob a supervisão de soldados russos, uma caravana de ônibus começa sua jornada de cerca de doze horas até a província de Idlib (noroeste), que escapa ao controle do poder.

No total, mais de 23.000 pessoas já deixaram Ghuta.

Milhares chegaram hoje em Qalaat al-Madiq, um setor rebelde na província de Hama, segundo um correspondente da AFP. Alguns ônibus foram apedrejados por moradores locais.

ONGs humanitárias distribuíram brinquedos, comida e leite às crianças.

O conflito sírio já causou mais de 350.000 mortes desde 2011 e se transformou em uma guerra complexa envolvendo uma variedade de interesses e beligerantes.

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