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Vítimas chilenas de abusos iniciam reuniões com Papa

27/04/2018 20h27

Cidade do Vaticano, 27 Abr 2018 (AFP) -

O Papa Francisco inicia neste final de semana, no Vaticano, reuniões especiais com três vítimas de abusos sexuais cometidos no Chile pelo padre Fernando Karadima, um gesto inédito para mostrar seu compromisso com a luta contra a pedofilia.

"Vamos contribuir com nosso grão de areia. Que oxalá seja o fim da cultura de abuso e encobrimento por parte dos bispos da Igreja", declarou Juan Carlos Cruz, que estava acompanhado por James Hamilton e José Andrés Murillo, os três vítimas de pedofilia.

Greg Burke, porta-voz do Vaticano, informou na noite desta sexta-feira que o Papa não prevê emitir qualquer declaração oficial após as reuniões.

A "prioridade é escutar as vítimas, pedir seu perdão e respeitar a confidencialidade destas conversas".

O objetivo é "deixar que os convidados falem o tempo que for necessário", acrescentou o porta-voz.

As três vítimas estão hospedadas desde a sexta-feira na Casa Santa Marta, a residência do Papa no Vaticano, e serão recebidas primeiro separadamente, no sábado e no domingo, e em grupo na segunda-feira.

"José se reuniu com ele nesta sexta-feira por um instante, só com ele", revelou Cruz, que confessou sua "emoção e agradecimento" pelo convite de Francisco.

"Queremos colocar aqui o nome de muitas pessoas que foram vítimas de abuso sexual clerical, incluindo algumas que tiraram a própria vida, e de outros que seguem sofrendo e lutando conosco", explicou Murillo.

"Por respeito ao Papa vamos estar em silêncio com todos os nossos amigos, gente de todo o mundo e vítimas de todo o mundo", declarou Cruz.

O Papa argentino não quer apenas mostrar seu compromisso na luta contra a pedofilia dentro da Igreja, mas também enfrentar o escândalo sobre este caso que obscureceu sua visita em janeiro passado ao Chile.

"Este não é um tema apenas nosso, é de todos e faremos o melhor possível. Esgotaremos todas as instâncias, com respeito e espírito de colaboração. Com a verdade e o ânimo de representá-los o melhor possível", declarou Hamilton.

As três vítimas prometeram dar uma entrevista coletiva no dia 3 de maio para contar sobre as reuniões com o Papa.