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Morre mulher contaminada na Grã Bretanha com agente neurotóxico Novichok

08/07/2018 22h22

Londres, 9 Jul 2018 (AFP) - A britânica contaminada com o agente neurotóxico Novichok e internada desde sábado em Salisbury (sul da Inglaterra) faleceu na noite deste domingo (8), anunciou a Polícia britânica, que iniciou uma investigação por homicídio.

"A Polícia iniciou uma investigação por homicídio depois que a mulher exposta ao agente em Amesbury, em Wilstshire, faleceu no domingo, 8 de julho, à noite", anunciou a Scotland Yard. "Foi identificada como Dawn Sturgess, de 44 anos, originária de Durrington", acrescentou.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, reagiu imediatamente a este anúncio. "Estou horrorizada e consternada pela morte de Dawn Sturgess", declarou a premiê, citada em um comunicado.

"A Polícia e os agentes de segurança trabalham para esclarecer os fatos", continuou. "O governo dá todo seu apoio à população local, que se vê diante dessa tragédia".

"Dawn deixa sua família e três filhas, e nossos pensamentos e orações estão com eles neste período extremamente difícil", declarou Neil Basu, chefe da polícia antiterrorista britânica.

"Essa terrível notícia só reforça a nossa determinação em resolver essa investigação, identificar e julgar os responsáveis", assinalou.

A Scotland Yard explicou que o homem de 45 anos, também contaminado com Novichok, e hospitalizado no sábado em Salisbury continua em estado crítico.

Um de seus amigos afirmou à AFP que se trata de Charlie Rowley e que estava com sua parceira, Sturgess.

- "Rezo por Charlie" -"Isso poderia ter acontecido com qualquer um, comigo, com a minha mulher", disse neste domingo à AFP Ben Jordan, de 27 anos, hospedado no mesmo abrigo para pessoas em situação de rua de Salisbury onde vivia Dawn Sturgess, que foi desalojado pela polícia depois que se soube do envenenamento. "Estamos muito, muito tristes. Rezo para que Charlie volte".

O casal foi hospitalizado após ter manipulado um "objeto contaminado", informou a Polícia britânica, vinculando o incidente ao envenenamento do ex-espião russo, Serguei Skripal, e sua filha, Yulia, em Salisbury em março.

O ex-agente duplo russo e a filha ficaram à beira da morte após terem sido contaminados com Novichok em Salisbury, cidade a 10 quilômetros de Amesbury, onde os serviços de emergência socorreram em ambulâncias o casal de britânicos.

A polícia não conseguiu determinar se o Novichok procede do mesmo lote nos dois casos.

"Os detetives trabalham o mais rápido e diligentemente possível para identificar a fonte da contaminação, mas até o momento não foi identificada", disse a polícia neste domingo.

Yulia e Serguéi Skripal receberam alta hospitalar semanas depois à entrada de emergência, assim como Nick Bailey, o primeiro policial que os ajudou.

"Sei que esta notícia vai afetar muita gente, muito além daqueles que conheciam Dawn", disse Kier Pritchard, chefe de polícia do condado de Wiltshire. Também pode provocar um aumento da "preocupação" da população, acrescentou.

Os moradores de Salisbury e de Amesbury já expressaram seus temores e sua incompreensão após o anúncio da hospitalização do casal e do isolamento de vários pontos da cidade.

"Não podemos ficar seguros de que isso não se repetirá, é a segunda vez, por que não haveria uma terceira?", se preguntava na sexta-feira Madeleine Webb, de 82 anos.

Londres atribuiu a tentativa de envenenamento dos Skripal a Moscou, que negou qualquer tipo de implicação. O caso desencadeou uma grave crise diplomática entre o Kremlin e p Ocidente.

O ministro britânico do Interior, Sajid Javid, afirmou neste domingo durante uma visita a Salisbury que o governo britânico não tem "como projeto atual" impor novas sanções à Rússia.