Fracassam novas tentativas de desbloquear 'shutdown' no Senado dos EUA
Washington, 25 Jan 2019 (AFP) - O Senado americano rejeitou nesta quinta-feira (24) dois planos contrapostos de democratas e republicanos para acabar com o "shutdown", que paralisa parte da administração federal há mais de um mês pela insistência do presidente, Donald Trump, de construir um muro na fronteira com o México.
O primeiro texto, apoiado por Trump e que contemplava fundos para o muro e medidas migratórias, recebeu 50 votos a favor e 47 contra. Para ser aprovado, precisava de um mínimo de 60 votos na Câmara alta, que tem 100 membros.
O plano dos democratas, que propunha dar um financiamento ao governo até 8 de fevereiro enquanto discutia a segurança fronteiriça, também fracassou, com 52 votos a favor e 44 contra.
Mas pouco depois das votações, o líder da maioria do Senado, Mitch McConnell, e o líder da minoria, Chuck Schumer, iniciaram diálogos para aprovar uma resolução que financie o governo por três semanas e que inclua verbas para construir um muro na fronteira com o México.
"Se chegarem a um acordo razoável, vou apoiá-lo", disse Trump, antes de acrescentar: "temos que ter um muro neste país".
A presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, avaliou que qualquer acordo que inclua uma verba inicial para o muro seria um fracasso.
"Espero que isto não signifique uma grande verba inicial para o muro", disse a líder democrata à imprensa.
Democratas e republicanos estão paralisados nas negociações sobre o orçamento federal devido à insistência de Trump de destinar 5,7 bilhões de dólares para construir um muro na fronteira com o México.
"Muito simples, sem muro não funciona", tuitou o presidente nesta quinta-feira, em mensagem dirigida à presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi. "Não cederemos!".
Sem acordo, os orçamentos de algumas agências estão bloqueadas desde 22 de dezembro, o que afeta diretamente centenas de milhares de funcionários públicos que não recebem o seu salário.
A paralisação política em Washington, que enfrenta o presidente com Pelosi, obrigou Trump a adiar sem data determinada o seu discurso sobre o Estado da União.
"Farei o discurso quando o 'shutdown' terminar. Não busco outro lugar para o discurso do Estado da União porque não há outro lugar que possa competir com a história, a tradição e a importância da Câmara de Representantes", tuitou o presidente na quarta-feira à noite.
Segundo Trump, esse "grande" discurso, previsto originalmente para a próxima terça-feira, ocorrerá "em um futuro próximo".
Em uma breve carta, Pelosi disse na quarta-feira que a Câmara de Representantes "não autorizaria" o discurso presidencial até que as dependências federais afetadas pela paralisação orçamentária fossem reabertas.
"O discurso do Estado da União foi cancelado por Nancy Pelosi porque ela não quer ouvir a verdade" sobre a segurança na fronteira, disse Trump a jornalistas anteriormente.
Os projetos submetidos à votação nesta quinta-feira no Senado buscavam acabar, cada um de forma diferente, com o bloqueio, sem que Trump nem a oposição estivessem prontos para ceder.
"Não há desculpas para que os republicanos no Senado não aprovem essa legislação", disse Pelosi à imprensa. "Quem pode negar isso?".
Trump se recusa a assinar qualquer lei orçamentária que não inclua os 5,7 bilhões de dólares para o muro.
A proposta feita pelos republicanos incluía um financiamento do governo até setembro, com uma quantia para construir o muro e um compromisso de proteger da deportação cerca de um milhão de imigrantes, dos quais o governo de Trump havia cancelado um foro que os amparava.
A paralisação orçamentária afeta diretamente 0,5% dos trabalhadores americanos, mas à medida que o tempo avança sem soluções à vista, também afeta a confiança de metade dos consumidores, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Michigan.
J.P. MORGAN CHASE & CO
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