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Confira as principais declarações de Michael Cohen ao Congresso dos EUA

27/02/2019 20h30

Washington, 27 Fev 2019 (AFP) - Michael Cohen, ex-advogado pessoal de Donald Trump, testemunhou nesta quarta-feira (27) no Congresso sobre o presidente dos Estados Unidos. Confira os pontos principais de seu explosivo depoimento, segundo o texto de sua exposição:

- "Sinto vergonha" - "Sinto vergonha da minha fragilidade e da minha lealdade incorreta, das coisas que fiz para o senhor Trump em um esforço para protegê-lo e promovê-lo. Me envergonho de ter escolhido ocultar os atos ilícitos do senhor Trump ao invés de escutar minha própria consciência. Me envergonho porque sei o que é o senhor Trump".

- "Um racista" -"O senhor Trump é um racista. O país viu Trump cortejar os supremacistas brancos e os intolerantes. Vocês o ouviram chamar os países mais pobres de 'buracos de merda'".

"Na vida privada, é ainda pior. Uma vez me perguntou se podia nomear um país dirigido por uma pessoa negra que não fosse um 'buraco de merda'. Isto foi quando Barack Obama era o presidente dos Estados Unidos".

"Enquanto estávamos passando de carro por um violento bairro de Chicago, ele comentou que só os negros podiam viver dessa maneira".

"E me disse que os negros nunca votariam porque eram estúpidos demais".

- "Um fraudador" -"O senhor Trump é um fraudador... Me pediu que pagasse a uma estrela de cinema pornô com quem teve um caso, e que mentisse à sua esposa a respeito, o que fiz. Mentir à primeira-dama é um dos meus maiores arrependimentos. É uma pessoa amável e boa. Eu a respeito muito e não merecia isso".

"Quando digo fraudador, estou falando de um homem que se declara brilhante, mas mandou que ameaçasse sua escola de ensino médio, suas universidades e o College Board (que reúne entidades de educação superior) para que nunca publicasse suas qualificações, nem a pontuação do SAT (a prova padronizada de ingresso)".

- "Um trapaceiro" -"O senhor Trump é um trapaceiro. Segundo a minha experiência, o senhor Trump inflava seus ativos totais quando era útil para ele, por exemplo para aparecer entre as pessoas mais ricas da Forbes, e os desinflava para reduzir seus impostos".

- "Um enigma"- "Trump é um enigma. É complicado, assim como eu. Tem coisas boas e ruins, como todo mundo. Mas o lado ruim supera com folga o bom, e desde que assumiu o cargo, se tornou a pior versão de si mesmo".

"Donald Trump é um homem que se apresentou como candidato à Presidência para fazer sua marca grande, não nosso pais. Não tinha o desejo, nem a intenção de liderar esta nação, só de se promover e construir sua riqueza e poder. O senhor Trump costumava dizer que esta campanha seria o "maior infomercial da história política".

- E-mails democratas hackeados -"Muita gente me perguntou se o senhor Trump sabia de antemão da difusão dos e-mails pirateados do Partido Democrata. A resposta é sim".

"Em julho de 2016, dias antes da convenção democrata, estava no gabinete de Trump quando seu secretário anunciou que (seu conselheiro e amigo) Roger Stone estava ao telefone. Trump pôs o alto-falante. Stone disse a Trump que acabava de falar com Julian Assange e que tinha dito que, dali a alguns dias, seria publicada uma grande quantidade de e-mails que prejudicassem a campanha de Hillary Clinton".

"O senhor Trump respondeu dizendo 'Isto não seria genial?'".

- Torre Trump en Moscou - "Para ser claro: o senhor Trump soube e dirigiu as negociações da (companhia) Trump em Moscou durante a campanha e mentiu a respeito. Mentiu sobre isso porque nunca esperou vencer as eleições. Também mentiu a respeito porque estava disposto a ganhar centenas de milhões de dólares no projeto imobiliário de Moscou".

- Vietnã -"O senhor Trump me incumbiu de lidar com a imprensa negativa em torno de sua justificativa médica para não ir (à guerra do) Vietnã. Disse que se devia a um esporão nos ossos, mas quando pedi os registros médicos, não me deu nada e disse que não tinha feito cirurgia. Me disse que não respondesse a perguntas específicas dos jornalistas e simplesmente disesse ue havia recebido uma dispensa médica".

"A conversa acabou com este comentário: 'Acha que sou estúpido? Eu não iria para o Vietnã'".