Reino Unido pedirá outro adiamento do Brexit à UE
A primeira-ministra britânica, Theresa May, garantiu nesta terça-feira (2) que o Reino Unido precisa de uma nova prorrogação da data do Brexit para encontrar uma solução para o impasse e propôs ao líder da oposição, Jeremy Corbyn, que busquem uma alternativa juntos.
Corbyn aceitou o convite e disse que está "muito feliz" em dar este passo, mas quase três anos depois do referendo de 2016, os britânicos continuam sem saber o que acontecerá no futuro imediato.
O Tratado de Retirada que a primeira-ministra negociou com Bruxelas foi rejeitado três vezes pelo Parlamento, mas os deputados tampouco conseguiram chegar a um acordo sobre qualquer alternativa.
Diante deste cenário, May convocou nesta terça-feira um conselho de ministros que durou sete horas e ao fim do qual anunciou sua decisão.
"Sei que há alguns que estão tão fartos pela demora e pelos intermináveis debates que gostariam de sair (da UE) sem um acordo na semana que vem", afirmou. Entretanto, "sair com um trato é a melhor solução", ressalvou.
"Por isso, precisamos de uma nova ampliação do Artigo 50 (do tratado europeu, que fixa a data de saída), que seja o mais breve possível e que seja concluído quando aprovarmos um acordo", acrescentou.
May afirmou ainda que a divisão reinante no Parlamento e no país "não pode durar muito mais". Ela lembrou que o acordo deve se ajustar ao Tratado de Retirada, que os líderes europeus já afirmaram em reiteradas ocasiões que não estão dispostos a renegociar.
"Ser refém no longo prazo"
Há duas semanas, os 27 parceiros europeus de May aceitaram dar-lhe mais tempo para evitar um Brexit sem acordo, mas deixaram claro que querem uma solução antes de 12 de abril.
"A UE não pode ser refém no longo prazo da resolução de uma crise política no Reino Unido", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, durante um encontro com o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, em Paris.
Este, por sua vez, deixou muito claro que a Irlanda não quer se tornar "a porta dos fundos" para os britânicos terem acesso ao mercado europeu em caso de um Brexit sem acordo. Durante a visita a Paris, Varadkar também reiterou sua oposição ao retorno de uma fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda.
Os líderes europeus devem se reunir novamente em 10 de abril em Bruxelas. May deve pedir a eles o adiamento anunciado nesta terça e eles decidirão se concordam ou não.
Buscando uma alternativa ao Tratado de Retirada, os deputados haviam tirado do governo o controle da agenda parlamentar na semana passada para votar outras propostas.
Na noite de segunda-feira, em outra dramática sessão, foram incapazes de fazer as concessões necessárias para acordar uma saída.
Isso dá a May a possibilidade de voltar a submeter ao Parlamento o Tratado de Retirada negociado com Bruxelas e rejeitado em três ocasiões.
A primeira vez, em 15 de janeiro, a primeira-ministra perdeu por 230 votos, uma derrota sem precedentes na história parlamentar britânica. A segunda, em 12 de março, reduziu sua desvantagem a 149 e na última sexta perdeu por somente 58 votos.
A líder conservadora, que chegou a propor sua demissão para obter o apoio dos mais recalcitrantes eurocéticos dentro de seu partido, ficou sem argumentos para obter apoio dos deputados conservadores. Por isso precisa do Partido Trabalhista se quiser evitar uma saída brutal com graves consequências econômicas.
Um Brexit sem acordo é "cada dia mais provável", disse nesta terça em Bruxelas o negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier.
O negociador europeu evocou precisamente como possibilidade para conceder uma prorrogação do Brexit que os políticos britânicos precisam de tempo para chegar a um consenso sobre a futura relação entre Reino Unido e UE.
Nessa linha, a opção entre os deputados britânicos que na segunda-feira esteve mais perto de ser aprovada, por 273 votos contra 276, foi a de um Brexit suave que mantivesse o o país em uma união aduaneira com a UE, algo defendido pelo Partido Trabalhista, mas que May descartou.
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