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Ex-secretário de Defesa Jim Mattis acusa Trump de tentar 'dividir' os EUA

Jim Mattis, ex-secretário de Defesa - Anatolii Stepanov/AFP Photo
Jim Mattis, ex-secretário de Defesa Imagem: Anatolii Stepanov/AFP Photo

De Washington

04/06/2020 00h10

Jim Mattis, ex-secretário de Defesa de Donald Trump, que renunciou por discordar da retirada das tropas americanas da Síria, acusou o presidente de tentar "dividir" o país.

"Em toda minha vida, Donald Trump foi o primeiro presidente que não tenta unir os americanos, que não pretende sequer tentar", disse ele, em comunicado online publicado nesta quarta-feira (3) pela revista The Atlantic.

"Ao contrário, ele está tentando nos dividir", acrescentou o general reformado da Marinha, de 69 anos, um respeitado militar que até agora havia evitado comentar diretamente o governo do bilionário republicano.

Mas ele foi além: "Somos testemunhas das consequências de três anos sem uma liderança madura".

Mattis, primeiro chefe do Pentágono após a chegada de Trump à Casa Branca, sem experiência militar, nem diplomática, foi então considerado, inclusive nas fileiras republicanas, como um dos poucos membros do governo capazes de conter os ímpetos do ex-empresário.

Mas acabou renunciando em dezembro de 2018, no dia seguinte ao anúncio do presidente de uma retirada unilateral total da Síria, sem consultar os aliados de Washington na luta contra o grupo jihadista Estado Islâmico.

Nesta quarta, reagiu à resposta de Trump aos protestos que sacodem as ruas de dezenas de cidades americanas há dias após o assassinato de um cidadão negro, George Floyd, nas mãos de um policial branco em Minneapolis.

"Vi o desenrolar dos acontecimentos desta semana com raiva e consternação", continuou no texto intitulado "A união faz a força", no qual apoia os manifestantes que pedem, "com razão", igualdade de direitos.

Trump reagiu com um tuíte, no qual reiterou sua afirmação de que "basicamente" demitiu seu chefe do Pentágono.

"Provavelmente o único que Barack Obama e eu temos em comum é que ambos tivemos a honra de demitir Jim Mattis, o general mais superestimado do mundo", escreveu.

A morte, em 25 de maio, em Minneapolis, de George Floyd, um homem negro sufocado por um policial branco, mobilizou um protesto histórico contra o racismo, a violência policial e a desigualdade social. Centenas de milhares de pessoas se manifestaram pacificamente em todo o país, mas também houve saques e tumultos.

Donald Trump, que tem se calado sobre as críticas dos manifestantes, usou um tom marcial ao ameaçar utilizar o exército nas ruas, apresentando-se como "o presidente da lei e da ordem".

"Não devemos nos distrair com poucos transgressores. Os protestos unem dezenas de milhares de pessoas com princípios que insistem para que todos vivam respeitando valores", disse Mattis.

"Devemos rejeitar e responsabilizar os que estão no poder caso queiram violar a nossa Constituição", acrescentou.