Confrontos entre Armênia e Azerbaijão já deixaram 16 vítimas fatais
Tropas da Armênia e do Azerbaijão voltaram a entrar em confronto hoje, após um cessar-fogo de um dia — anunciaram os Ministérios da Defesa dos dois países, que trocam acusações sobre o reinício das hostilidades.
Os combates acontecem na fronteira norte, de acordo com os Ministérios. O confronto começou no domingo (12) e prosseguiu por dois dias, registrando uma pausa ontem.
Em comunicados divulgados em separado, os beligerantes disseram que há "combates em curso" nesta quinta. Os dois lados alegam terem respondido a um ataque.
Em conflito há duas décadas, Armênia e Azerbaijão respeitaram uma trégua entre a meia-noite de quarta-feira (17h no horário de Brasília) e a manhã de hoje, após três dias de confrontos.
O Ministério armênio da Defesa afirmou que impediu uma "tentativa de infiltração do inimigo" e que, "após uma batalha intensa, o inimigo foi rejeitado". A Armênia indicou ainda que o confronto provocou perdas do lado do Azerbaijão.
Depois, acrescentou a Armênia, as forças do Azerbaijão começaram, por volta das 5h locais (23h no horário de Brasília), a "bombardear os povoados de Aygepar e Movses com morteiros e um obus D30".
O Ministério da Defesa do Azerbaijão acusou a Armênia de ter iniciado os combates.
"Uma unidade das Forças Armadas da Armênia tentou novamente atacar nossas posições no distrito de Tovouz, na fronteira", afirma um comunicado.
Segundo o Ministério, as localidades de Agdam, Donar Guchtchu e Vakhidli foram alvo de disparos de armas pesadas e de morteiros.
Janelas quebradas
Ontem, jornalistas da AFP conseguiram ir a algumas destas localidades em ambos os lados do front de combate.
Várias casas tinham suas janelas quebradas, ou os telhados deformados. Chain Abiiev, morador de Donar Guchtchu, no Azerbaijão, explicou que um obus caiu em seu jardim.
"Danificou as janelas, o telhado, o jardim e a porta de entrada. Por sorte, minha família não estava, ou teria sido uma tragédia", desabafa.
Nenhum dos lados anunciou mortos até esta quinta-feira. O Azerbaijão se limitou a informar que não há vítimas civis.
Ao menos 16 pessoas morreram nos combates de domingo a terça-feira, os mais violentos entre os dois países desde 2016. Entre as vítimas, estão 11 militares e um civil azerbaijano, além de quatro militares armênios. O Azerbaijão também perdeu um general.
Estas duas ex-repúblicas soviéticas estão em conflito há décadas por Nagorno-Karabaj. Esta região separatista, que tem o apoio da Armênia, foi palco de uma guerra no início doa anos 1990 que deixou 30.000 mortos.
Os confrontos recentes acontecem longe deste território, na fronteira norte entre os dois países do Cáucaso. Essa escalada faz temer um conflito aberto.
Rússia, uma potência regional, Estados Unidos e União Europeia pediram à Armênia e ao Azerbaijão que ponham fim ao conflito, enquanto a Turquia deu seu apoio ao Azerbaijão.
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