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Um anos após Notre-Dame, incêndio causa danos à catedral gótica de Nantes

Bombeiros atuam em incêndio que causou grandes danos à catedral gótica do século XVI de Nantes, oeste da França - SEBASTIEN SALOM-GOMIS/ AFP
Bombeiros atuam em incêndio que causou grandes danos à catedral gótica do século XVI de Nantes, oeste da França Imagem: SEBASTIEN SALOM-GOMIS/ AFP

18/07/2020 14h47

Um ano após a Notre-Dame de Paris ter sido parcialmente destruída pelas chamas, um incêndio, que pode ter sido intencional, causou grandes danos à catedral gótica do século XVI de Nantes, oeste da França.

Foram encontrados três focos do incêndio, "a uma distância importante um do outro", um deles no grande órgão, que ficou destruído, informou à AFP o promotor de Nantes, Pierre Sennès, responsável pela investigação.

Nenhum vestígio foi encontrado nos acessos externos da catedral, assinalou o promotor, motivo pelo qual a causa do fogo permanece um mistério. Segundo o padre Hubert Champenois, reitor da catedral, "tudo estava em ordem" na noite de ontem. "Todas as noites, antes do fechamento, é realizada uma inspeção muito precisa."

Por volta das 7h45 locais de hoje, "pedestres observaram chamas" e deram o alerta, informaram os bombeiros. O incidente reacendeu as memórias dolorosas da tragédia ocorrida na catedral de Notre-Dame de Paris, em 15 de abril de 2019.

Esta manhã, uma espessa nuvem de fumaça negra escapava da enorme fachada da Catedral de São Pedro e São Paulo, elevando-se sobre o centro de Nantes, segundo imagens capturadas pela AFPTV.

Os bombeiros constataram "um incêndio violento no órgão situado atrás da rosácea e a ação se concentrou nesse foco", informou o diretor do departamento de bombeiros, o general Laurent Ferlay.

Os bombeiros também "realizaram o trabalho de reconhecimento do edifício e se ocuparam da proteção das obras de arte, em coordenação com as autoridades da catedral", acrescentou.

Graças a cem bombeiros, o fogo foi controlado rapidamente. Os bombeiros anunciaram que o incêndio estava "circunscrito" por volta das 10h00 (05h00 de Brasília).

Segundo as primeiras análises, "os danos estão concentrados no grande órgão que parece estar completamente destruído. A plataforma na qual ele se encontra é muito instável e ameaça desmoronar", disse Ferlay.

No entanto, os danos não podem ser comparados ao causados pelo incêndio na Notre-Dame de Paris em 2019.

Perda incalculável

Também foram danificadas uma pintura do século XIX de Hippolyte Flandrin, parte das cadeiras do coro que eram recentes e os vitrais na fachada, dos quais parte eram vestígios de vitrais do século XVI, disse Laurent Delpire, curador de Antiguidades e Objetos de Arte do departamento Loire-Atlantique.

O administrador diocesano, padre François Renaud, responsável pela catedral, disse à AFP que "o grande órgão desapareceu completamente. É muito impressionante e uma perda inestimável", acrescentou, emocionado.

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, visitou o local na tarde de hoje. "É hora da investigação, sobre a qual ainda não disponho de nenhuma informação precisa. Em seguida, será o momento da reconstrução, que desejo que aconteça o mais rapidamente possível e da qual o Estado participará", afirmou.

O presidente francês, Emmanuel Macron, tuitou seu "apoio aos bombeiros que assumiram todos os riscos necessários para salvar esta joia gótica da cidade dos Duques".

A construção da Catedral de São Pedro e São Paulo, em estilo gótico extravagante, durou vários séculos (1434 a 1891), com torres erguidas em 1508, com uma altura de 63 metros.

Em 1972, outro incêndio atingiu o edifício, danificando o telhado. Depois desse incêndio, a catedral só retomou o culto religioso em maio de 1985, após mais de 13 anos de obras de reconstrução.