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Biden é formalmente indicado como candidato democrata que enfrentará Trump

Joe Biden foi oficializado ontem como candidato do partido Democrata à Presidênca dos Estados Unidos - Divulgação/Partido Democrata
Joe Biden foi oficializado ontem como candidato do partido Democrata à Presidênca dos Estados Unidos Imagem: Divulgação/Partido Democrata

19/08/2020 06h01

Os democratas intensificaram os ataques ao presidente Donald Trump na terça-feira, no segundo dia da convenção virtual em que indicaram oficialmente Joe Biden como seu candidato à Casa Branca.

Em uma votação nominal sem precedentes que ocorreu inteiramente online devido à pandemia do coronavírus, todos os 50 estados e sete territórios anunciaram suas contagens de votos que consolidaram o papel de Biden como o representante do partido.

"Muito, muito obrigado, do fundo do meu coração", disse um radiante Biden em um link de vídeo ao vivo enquanto celebrava a indicação.

"Isso significa o mundo para mim e minha família", acrescentou ele, lembrando aos telespectadores que fará um discurso formal de aceitação na quinta-feira, no final da convenção de quatro dias.

A nomeação foi uma formalidade, pois ele já havia conquistado a maioria dos mais de 3.900 delegados em junho.

A indicação acontece no segundo dia da Convenção Nacional Democrata, quase toda virtual, que celebra o candidato do partido e dá as boas-vindas aos independentes e aos republicanos frustrados em seu movimento político para tirar Trump da Casa Branca.

Os procedimentos incluíram uma série de apresentações de líderes partidários do passado e do futuro, que desencadearam seus próprios argumentos contra o titular da Casa Branca e instaram os eleitores a se unirem em torno de Biden.

A escalação contou com os ex-presidentes Jimmy Carter, de 95 anos, e Bill Clinton, 73, que advertiu que a Casa Branca de Trump está beirando o caos ao invés de demonstrar a competência necessária para lidar com as crises do país.

"Em uma época como esta, o Salão Oval deveria ser um centro de comando. Em vez disso, é um centro de tempestade. Só existe caos", disse Clinton. "Só uma coisa nunca muda - sua determinação de negar a responsabilidade e transferir a culpa", disse Clinton sobre Trump.

"Somos a única economia industrial importante que triplicou a taxa de desemprego", afirmou Clinton.

Os ataques foram concentrados na gestão da crise de saúde provocada pelo coronavírus, que deixou mais de 170.000 mortos, e suas consequências para a economia, no momento em que o desemprego supera 10%.

Carter destacou a "experiência, o caráter e a decência" de Biden.

A noite terminou com um discurso da esposa de Biden, Jill, que compartilhou sua visão pessoal sobre o candidato e como ele superou uma vida repleta de tragédias, desde o acidente em 1972 que matou sua primeira mulher e a filha até o câncer que atingiu o filho Beau, falecido em 2015.

De uma escola vazia em Delaware, onde foi professora de inglês na década de 1990, Jill Biden traçou um paralelo entre estas experiências do agora candidato e a crise do coronavírus.

"Tenho o coração partido pela magnitude desta pera e pelo fracasso no momento de proteger nossas comunidades", afirmou Jill em referência à pandemia.

"Como se lida com uma família inteira desfeita?", questionou. "Da mesma forma como se lida uma nação inteira. Com amor e compreensão - e com pequenos atos de compaixão. Com coragem. Com fé inabalável", afirmou, Jill, casada com Biden desde 1977.

- Trump responde críticas -O presidente americano também enfrentou uma enxurrada de críticas na primeira noite da convenção, principalmente da ex-primeira-dama Michelle Obama, que disse que Trump não tem personalidade e habilidades para o trabalho.

"Achei que foi um discurso extremamente divisivo", disse Trump a repórteres na Casa Branca.

Em seus comentários pré-gravados à convenção, Michelle Obama pediu aos americanos que se unissem a Biden, o ex-vice-presidente de seu marido, na eleição presidencial de 3 de novembro.

A Casa Branca de Trump está marcada pelo "caos, divisão e uma total e absoluta falta de empatia", disse a esposa de Barack Obama em uma crítica sem precedentes de uma ex-primeira-dama a um presidente dos Estados Unidos.

"Donald Trump é o presidente errado para nosso país", acrescentou. "Ele está claramente perdido".

Nesta terça-feira, em uma visita ao estado do Arizona, Trump criticou a ex-primeira dama por fazer comentários gravados. "Na quinta à noite vou fazer isso ao vivo", disse Trump, referindo-se ao seu discurso na próxima semana, quando vai aceitar formalmente a indicação de seu partido na convenção republicana, que também será online.

Trump disse que escolheu o gramado sul da Casa Branca como cenário, depois de dizer nas últimas semanas que escolheria entre a mansão presidencial e o histórico campo de batalha em Gettysburg.

Fazer um discurso tão obviamente político da Casa Branca gerará polêmica, já que os presidentes são obrigados a separar sua campanha do seu governo, financiado pelos contribuintes.

Espaço para republicanos anti-Trump

A campanha tem promovido Joe Biden como um unificador. Em seu apelo aos eleitores intermediários e aos republicanos frustrados, a convenção apresentou um vídeo da improvável amizade entre Biden e o falecido senador republicano John McCain, narrado por sua viúva Cindy McCain.

O ex-secretário de Estado republicano Colin Powell também fez comentários em vídeo nos quais endossava Biden e disse que compartilhava dos valores do democrata.

O ex-presidente Barack Obama discursará na quarta-feira, assim como a candidata a vice-presidente na chapa de Biden, a senadora Kamala Harris, da Califórnia.