Assessor mais influente e polêmico de Boris Johnson deixa o governo
Londres, 13 Nov 2020 (AFP) - O muito influente e controverso "assessor especial" do primeiro-ministro britânico, Dominic Cummings, estrategista da vitória eleitoral de Boris Johnson e da campanha a favor do Brexit, anunciou que deixará o governo até o fim do ano.
Cummings negou, no entanto, em declarações à BBC, ter sido levado a deixar o governo pela crise política que sacudiu esta semana Downing Street após a renúncia do diretor de Comunicação e um de seus grandes aliados, Lee Cain.
"Os boatos sobre minhas ameaças de demissão são inventados", afirmou, antes de destacar que sua saída estava prevista desde o início do ano: "Minha posição não mudou desde meu blog de janeiro", disse, ao recordar que anunciou o desejo de tornar-se "desnecessário" no Executivo até o fim de 2020.
As disputas internas em Downing Street provocaram a renúncia de Cain na quarta-feira (11), depois de que, segundo a imprensa, figuras importantes do Partido Conservador, incluindo a companheira do primeiro-ministro, Carrie Symonds, expressaram oposição a sua nomeação como chefe de gabinete de Johnson.
Cummings, reconhecido estrategista político sem filiação partidária, conhecido por não parar diante de nada para alcançar seus objetivos, é considerado o idealizador da grande vitória eleitoral de Johnson nas legislativas de dezembro do ano passado.
Antes, no referendo de 2016, ele liderou a estratégia de comunicação da campanha a favor do Brexit, vencida com uma campanha agressiva e eficaz centrada nas redes sociais, que permitiu levar sua mensagem aos britânicos habitualmente desinteressados por política e que geralmente não votam.
Desde que assumiu o influente cargo de "assessor especial", no entanto, muitos questionam se as táticas que funcionam em campanhas eleitorais podem ser aplicadas também na gestão governamental.
Cummings ganhou muitos inimigos entre altos funcionários por seu desejo de remodelar o funcionalismo público e dentro do Partido Conservador era acusado por alguns de tomar as decisões no lugar de Johnson.
"Os assessores vêm e vão", disse o ministro dos Transportes, Grant Shapps, ao canal Sky News. "Vamos sentir falta dele, mas evoluiremos para uma fase diferente", completou, em referência ao fim, em 31 de dezembro, do período de transição que conclui o Brexit, considerado como a grande missão de Cummings.
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