Topo

Esse conteúdo é antigo

UE adota novas sanções contra Junta militar de Mianmar

12.fev.2021 - Manifestante exibe cartaz pedindo a libertação de Aung San Suu Kyi, chefe de governo deposta em Mianmar por um golpe militar - Sai Aung Main/AFP
12.fev.2021 - Manifestante exibe cartaz pedindo a libertação de Aung San Suu Kyi, chefe de governo deposta em Mianmar por um golpe militar Imagem: Sai Aung Main/AFP

19/04/2021 11h07

Yangon, 19 Abr 2021 (AFP) - A União Europeia estabeleceu hoje novas sanções contra dez membros da junta militar no poder em Mianmar e duas empresas que a financiam em condenação à repressão violenta dos protestos pró-democracia.

A Junta enfrenta protestos quase diários para exigir o retorno à democracia e reprime violentamente esse movimento de contestação. Pelo menos 737 pessoas foram mortas e mais de 3.000 presas, segundo a AAPP (Associação de Assistência a Presos Políticos).

A situação caótica desde o golpe, que derrubou o governo civil liderado pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro, será discutida em uma cúpula de países do Sudeste Asiático no sábado (24) em Jacarta, e o líder da Junta deve participar.

Marcando sua postura de condenação, a UE acrescentou à sua lista de sancionados 10 novos membros da Junta considerados diretamente envolvidos na tomada de decisões e, neste contexto, responsáveis pelo enfraquecimento da democracia e do Estado de Direito em Mianmar.

As duas empresas punidas são Myanmar Economic Holdings Ltd (MEHL) e Myanmar Economic Corporation (MEC).

A decisão foi validada pelos ministros das Relações Exteriores do bloco, segundo fontes diplomáticas.

O princípio dessas novas sanções foi decidido em 22 de março, quando os ministros europeus sancionaram onze pessoas, incluindo o chefe da Junta, o general Min Aung Hlaing.

Na semana passada, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, expressou temores de um conflito generalizado como na Síria e exortou os Estados a "tomarem medidas imediatas, decisivas e eficazes" para forçar a Junta a pôr fim à repressão.

Jornalista japonês preso

Mais recente exemplo do clima no país, um jornalista japonês acusado de divulgar informações falsas foi preso, assim como dezenas de outros repórteres desde o golpe de Estado. O Japão exigiu sua libertação.

Yuki Kitazumi foi preso no domingo e, segundo um porta-voz da embaixada japonesa, transferido de uma delegacia de polícia para a prisão de Insein, conhecida por abrigar presos políticos.

Diplomatas pediram para visitar o jornalista independente na prisão, mas a permissão ainda não foi concedida.

"Pedimos a Mianmar que liberte essa pessoa o mais rápido possível. Faremos todo o possível para proteger esse cidadão japonês", declarou o porta-voz do governo japonês, Katsunobu Kato, a repórteres.

Esta é a segunda vez que Kitazumi é preso desde o golpe. Em fevereiro, ele foi brevemente detido durante uma intervenção da polícia de choque contra manifestantes.

A imprensa tem sido alvo das forças de segurança, pois as autoridades tentam controlar as informações, restringindo o acesso à Internet ou revogando as credenciais de alguns meios de comunicação.

Pelo menos 65 jornalistas e fotógrafos foram presos desde o golpe, 34 dos quais permanecem atrás das grades, de acordo com a organização Reporting ASEAN.

Em todo o país, os moradores continuam se opondo à Junta.

Na cidade de Myingyan (centro), intensos confrontos entre residentes e o exército ocorreram nos últimos dois dias. Pelo menos quatro pessoas foram baleadas nesta segunda e uma delas não resistiu aos ferimentos, disse à AFP um morador, que pediu anonimato por motivos de segurança.

"Ainda há tiros. É como uma guerrilha urbana na cidade", disse, acrescentando que as pessoas tentavam se defender com armas feitas em casa.

"O exército não permite que ninguém fique na rua. Atiram em quem vê do lado de fora. Tentam inspecionar casa por casa para deter os manifestantes", acrescentou.

Segundo ele, o exército também incendiou motocicletas.

Pelo menos seis pessoas, incluindo uma de 13 anos, foram presas em Myingyan, de acordo com um jornal local.