Acidente em metrô no México foi causado por 'falha estrutural', diz perícia
O acidente no metrô da Cidade do México, que deixou 26 mortos no dia 3 de maio, foi produto de uma "falha estrutural", de acordo com um laudo pericial preliminar da firma norueguesa DNV, divulgado nesta quarta-feira (16).
"O incidente foi causado por uma falha estrutural", afirma o relatório lido por Jesús Esteva, secretário de obras da Prefeitura da capital, que contratou a DNV.
A empresa acrescentou que o problema está associado a "condições" como "deficiências no processo de construção" e de soldagem dos chamados parafusos Nelson.
Também está ligado à "porosidade e falta de fusão na união parafuso-viga", à "falta de parafusos Nelson nas vigas que compõem o conjunto da ponte", ao uso de "diferentes tipos de concreto na placa" e "soldas inacabadas e/ou mal executadas".
A DNV, cujo diretor no México, Eckhard Hinrichsen, participou da apresentação do laudo, planeja entregar mais dois relatórios em 14 de julho e 30 de agosto.
Os especialistas da empresa norueguesa encontraram deformações e fraturas nas vigas das pontes por onde o trem elevado viajava no momento do acidente, detalha o relatório.
"Castigo"
O documento afirma que entre as linhas de investigação busca-se determinar se o projeto foi adequado, se foram utilizados os materiais necessários, se a execução da obra foi conforme indicada e se fatores posteriores como operação, reparos e reabilitações influenciaram.
"As responsabilidades derivadas das empresas e dos servidores públicos são da competência do Ministério Público" da Cidade do México, que está conduzindo uma investigação, disse a prefeita da capital, Claudia Sheinbaum, que esteve presente na apresentação do relatório.
Na noite de 3 de maio, uma seção elevada do metrô desabou e dois vagões foram suspensos a uma altura de cerca de 12 metros. Morreram 26 pessoas e pelo menos 80 ficaram feridas.
Consequências políticas
A Linha 12 — ou "Dorada" —, onde foi registrado o acidente, é a mais recente construção do metrô, que começou a operar em 1969.
Foi desenvolvida durante a prefeitura de Marcelo Ebrard (2006-2012), atual chanceler, um dos homens de confiança de López Obrador e potencial candidato à presidência em 2024.
Opositores apontam Ebrard como um dos culpados pelo colapso, mas o ministro afirma que sua responsabilidade administrativa pelo projeto terminou em 2013 e se ofereceu para apoiar as investigações.
Após a divulgação do relatório preliminar, Ebrard sublinhou em comunicado que um comitê central e um subcomitê técnico, composto por uma centena de especialistas e funcionários, estavam encarregados de revisar e endossar o desenho e a construção do projeto.
Ebrard apontou que os problemas no elevado foram conhecidos depois do forte terremoto de 2017, que deixou 370 mortos e questionou se seu sucessor na prefeitura, Miguel Ángel Mancera, "realizou todas as manutenções necessárias".
Mancera, agora senador, disse a repórteres que espera que seja uma "investigação sem qualquer acusação política".
Empresa na mira
A firma Carso, do magnata das comunicações Carlos Slim, também é apontada na investigação por ser, segundo a prefeitura, a encarregada da construção do trecho dividido em dois.
O mexicano ICA e a francesa Alstom também participaram do projeto.
Sheinbaum, que também é citado como um possível candidato à presidência do partido no poder, anunciou por sua vez que se comunicará com representantes das construtoras envolvidas para "estabelecer um diálogo técnico".
Desde o seu início, a obra foi marcada por polêmicas, pois seu custo foi de 1,2 bilhões de dólares, 70% a mais do que o planejado originalmente.
Além disso, em 2014 a operação de 12 estações foi suspensa por pouco mais de um ano devido à degradação da via, dos dormentes, das fixações dos trilhos e do desgaste ondulatório deste último.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.