Filho de líder da resistência pede armas aos EUA para enfrentar talebans
Washington, 19 Ago 2021 (AFP) - O filho do comandante afegão Ahmed Shah Masud, assassinado em 2001 pela Al-Qaeda, pediu ao governo dos Estados Unidos apoio em armas e munições para sua milícia, com o objetivo de resistir aos talebans, que retomaram o poder em Cabul.
"Estados Unidos ainda podem ser um grande arsenal da democracia" ao apoiar seus combatentes, afirmou Ahmad Masud em um artigo publicado no jornal "Washington Post".
"Escrevo do vale Panshir hoje, pronto para seguir os passos do meu pai, com combatentes mujahedines preparados para lutar novamente contra os talebans", completou.
Seu pai Ahmed Shah Masud, conhecido como o Leão de Panshir, liderou a maior resistência contra os talibãs a partir de seu reduto, o vale ao nordeste de Cabul, até seu assassinato em 2001.
Famoso por suas defesas naturais, o reduto escondido entre as montanhas de Hindu Kush nunca foi controlado pelos talebans durante a guerra civil na década de 1990, nem conquistado pelos soviéticos uma década antes, e agora é o último bastião de resistência no Afeganistão.
Os talebans retomaram o poder no Afeganistão no domingo (15), após uma campanha militar relâmpago, que permitiu a tomada da capital em dez dias e o fim de duas décadas de guerra.
Mas o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou hoje que "os talebans não controlam todo o Afeganistão" e que a resistência está sendo organizada na região de Panshir, liderada pelo ex-vice-presidente Amrullah Saleh e pelo filho de Masud.
Ahmad Masud afirmou que está acompanhado por ex-membros das forças especiais e soldados do exército afegão "irritados com a rendição de seus comandantes".
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram Saleh encontrando Masud. A dupla parece estar montando as primeiras peças de um movimento de guerrilha para lutar contra os talebans.
"Mas precisamos de mais armas, mais munições, mais suprimentos", destacou Masud.
Milhares de pessoas tentam fugir do Afeganistão desde que os talebans assumiram o controle da capital. Quase 6.000, americanos e afegãos, foram retirados pelo exército dos Estados Unidos.
Masud afirmou que os talebans representam uma ameaça que vai além das fronteiras do Afeganistão.
"Sob controle taleban, o Afeganistão se transformará sem dúvida no epicentro do terrorismo radical islamita, aqui serão criados novamente planos contra as democracias", alertou.
Desde que retomaram o poder, os talebans exibem um grande arsenal de armas, equipamentos e munições apreendidos das tropas afegãs, a maioria fornecidos pelos Estados Unidos.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram os combatentes talebans com rifles M4 e M18, rifles M24 ou dirigindo os emblemáticos Humvees americanos.
Depois de 20 anos, Estados Unidos e Afeganistão compartilham "ideais e lutas", escreveu Masud, que pediu a Washington que continue apoiando "a causa da liberdade" e não abandone os afegãos aos talebans.
"Vocês são a nossa última esperança", concluiu.
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