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Lava do vulcão nas Canárias desacelera após destruir uma centena de casas

20/09/2021 19h07Atualizada em 21/09/2021 09h14

A lava do vulcão Cumbre Vieja, que entrou em erupção no domingo na ilha espanhola de La Palma (sudoeste), deteve seu avanço e não chegará ao mar na noite desta segunda-feira (20), após provocar a destruição de uma centena de casas e a retirada de cerca de 5.500 pessoas.

"Não vai chegar ao mar esta noite, como tínhamos dito", disse um porta-voz do governo canário na tarde desta segunda em coletiva de imprensa.

"O movimento lávico é bastante lento ao que era inicialmente", acrescentou.

"Não temos que lamentar nenhuma perda humana ou danos pessoais, acredito que essa é a melhor notícia", disse Ángel Torres, presidente do governo regional deste arquipélago turístico localizado na costa do noroeste da África, em uma coletiva de imprensa com o presidente do governo, Pedro Sánchez, que está em La Palma desde o domingo.

No entanto, a erupção - a primeira a ser registrada nesta ilha em 50 anos - provocou danos e a retirada de 5.500 pessoas desde que começou no domingo.

"Agora o mais importante é garantir a segurança" porque "o vulcão continua em atividade", alertou Sánchez. O chefe de governo adiou sua ida a Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU.

A ministra do Turismo, Reyes Maroto, criou polêmica ao lembrar que os hotéis estão abertos, convidando os turistas a se aproximarem da ilha para presenciarem "o que a natureza trouxe para La Palma", declarações das quais se retratou posteriormente.

Quando a lava quente ferve a água do mar, desencadeia uma série de reações químicas e físicas que provocam colunas de névoa ácida que pode ser tóxica.

Além disso, pode haver explosões capazes de esculpirem rochas a mais de 200 metros e ondas de altas temperaturas que entram na terra.

O governo regional das Canárias informou, no entanto, que não previa novas evacuações por enquanto.

Os impressionantes rios de lava arrasaram árvores, invadiram casas e estradas, como mostram vários vídeos publicados nas redes sociais.

"Essa língua de lava engole tudo que vai encontrando pelo caminho", descreveu Mariano Hernández Zapata, presidente de Cabildo de La Palma, em entrevista à Televisión Española.

"É dramático ver muitos projetos de vida desaparecendo", acrescentou.

Com temperaturas de mais de 1.000°C, a lava avança a uma velocidade média de 700 metros por hora, segundo o Instituto Vulcanológico das Canárias.

O Cumbre Vieja lança colunas de fumaça com várias centenas de metros de altura e entre 6.000 e 9.000 toneladas de dióxido de enxofre por dia, segundo o instituto. A fumaça não provocou até o momento o fechamento do espaço aéreo.

"Três minutos"

Em apenas três minutos, Angie Chaux, uma moradora de Los Llanos de Ariadne, que vive a poucos quilômetros do vulcão, conta que teve de deixar sua casa, às pressas, às 4h30 da madrugada, junto com o marido.

"Não estávamos em casa quando houve o alerta", explicou esta jovem de 27 anos, "mas quando vimos, quisemos voltar e a estrada estava fechada. A polícia nos deixou passar e nos disse: 'Três minutos'", explicou.

Ela entrou em casa e só pôde levar a mochila de emergência que as autoridades tinha dito aos moradores para preparar.

Yahaira García teve mais sorte: conseguiu tirar roupas, televisão, um computador de sua casa, situada aos pés do vulcão, antes de partir.

"Minha casa vibrava demais, parecia que ia cair", contou a mulher, que está sem dormir há duas noites. "As imagens são muito fortes. Não temos ideia de quando [vamos] voltar", acrescentou.

Atividade por várias semanas

Situado no centro da ilha de La Palma - uma das sete que compõem o turístico arquipélago das Canárias, perto da costa do noroeste da África -, o vulcão Cumbre Vieja ficou sob estrita vigilância há uma semana, devido a uma forte recuperação de sua atividade sísmica.

A erupção começou no domingo, pouco depois das 15h locais (11h00 em Brasília).

De acordo com Ángel Víctor Torres, o vulcão Cumbre Vieja teria entre 17 e 20 milhões de metros cúbicos de lava. Por isso, a erupção continuará, alertou ele em um vídeo publicado no Twitter.

A atividade do Cumbre Vieja pode durar "várias semanas, ou poucos meses", devido à presença de uma segunda reserva de magma situada a 20 ou 30 km de profundidade, explicou o coordenador científico do Instituto Vulcanológico das Canárias, Nemesio Pérez.

De origem vulcânica, este arquipélago viveu sua última erupção em 2011, desta vez debaixo d'água, na ilha de El Hierro, provocando a retirada de centenas de pessoas.