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Blinken elogia democracia no Equador em meio a estado de emergência

19/10/2021 19h15

Quito, 19 Out 2021 (AFP) - O secretário de Estado americano, Antony Blinken, saudou o Equador nesta terça-feira (19) como um exemplo do sucesso da democracia, logo após o país declarar de surpresa um estado de emergência de 60 dias para combater a violência.

Horas depois de o presidente Guillermo Lasso afirmar que estava enviando as forças armadas e a polícia para as ruas para enfrentar o tráfico de drogas, Blinken elogiou o anúncio como uma boa notícia para a América Latina, durante sua viagem a duas nações que visa a fortalecer a democracia.

"Ficamos muito felizes por você estar demonstrando de forma convincente que a democracia pode trazer resultados reais para nosso povo", disse Blinken ao se encontrar com Lasso no Palácio de Carondelet, em Quito.

Blinken destacou a taxa de vacinação de mais de 50% alcançada no Equador desde que Lasso, um empresário, foi eleito inesperadamente no início deste ano como o primeiro líder de direita do país em mais de uma década.

"Aplaudimos o trabalho que vocês estão fazendo para combater a corrupção e buscar reformas que beneficiem as pessoas em todo o Equador de modo equitativo, e o trabalho que estamos fazendo juntos para combater o narcotráfico e preservar nosso meio ambiente e clima", afirmou Blinken.

Lasso disse a Blinken que estava em busca de uma ampla cooperação com os EUA. "Mais do que nunca, o Equador hoje compartilha os valores que guiaram os Estados Unidos à prosperidade desde sua fundação", declarou.

Blinken fará um discurso na quarta-feira na capital equatoriana, provavelmente com foco nas críticas aos líderes de esquerda da Venezuela, Cuba e Nicarágua.

Em seguida, partirá para a Colômbia, também liderada por um presidente de direita, Iván Duque, um aliado próximo do ex-presidente dos EUA Donald Trump. Biden mantém em boa medida o apoio, apesar dos apelos de alguns democratas para que ele se manifeste com mais força contra a repressão contra protestos.

Antes da viagem, o governo de Joe Biden elogiou os dois governantes, apontando-os como defensores da democracia em uma região de crescente turbulência política.

- Novo tipo de relação -Blinken se reunirá com grupos de defesa dos direitos humanos e também vai abordar dois temas cruciais para a administração Biden: mudanças climáticas e migração.

"É uma viagem importante a favor da democracia para o secretário Blinken, mas também é um realinhamento das relações com as democracias da América Latina, que vai além dos assuntos tradicionais que dominaram o debate durante muitos anos", disse Muni Jensen, ex-diplomata colombiana e atual consultora no Albright Stonebridge Group em Washington.

A Colômbia agradou o governo Biden ao adotar algumas das metas mais ambiciosas da América Latina sobre mudanças climáticas antes da reunião de cúpula sobre o meio ambiente da ONU em novembro, enquanto o Equador é especialmente sensível ao tema por conta das ilhas Galápagos.

Em Bogotá, autoridades afirmaram que Blinken se reunirá com ministros da região para falar sobre as políticas de migração, em um momento de elevado fluxo de haitianos que buscam iniciar a longa viagem aos Estados Unidos a partir da Colômbia.

Kevin Whitaker, embaixador americano na Colômbia entre 2014 e 2019, disse que a mensagem de Blinken sobre a democracia - e sobre problemas nas fronteiras, além da cooperação na área de segurança - pode ter um impacto significativo no momento em que a China abre passagem na América Latina.

"A democracia está de alguma maneira estremecida no continente. Observamos o populismo autoritário crescer", disse Whitaker.

A era Trump e o ataque ao Capitólio de seus simpatizantes em 6 de janeiro "serviram para desacreditar o modelo da democracia americana para algumas elites em relação ao que sempre acreditaram que os Estados Unidos representariam na região", completou.

- Divergências com a Venezuela -A aposta mundial de Biden pela democracia, ao contrário da proximidade de Trump com os autocratas, é sutil na América Latina.

Por sua defesa do meio ambiente, a administração Biden intensificou as conversas com o Brasil, país de maior população do continente cujo presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, ameaça não aceitar o resultado da eleição de 2022.

Biden também mantém a pressão sobre líderes de esquerda autocráticos na Venezuela, Cuba e Nicarágua, depois que a linha dura adotada por Trump rendeu dividendos políticos no estado chave da Flórida.

A viagem de Blinken acontece poucos dias depois da extradição de Cabo Verde para Miami de um empresário próximo ao presidente venezuelano Nicolás Maduro, Alex Saab, acusado de roubar milhões de dólares destinados a comida e ajuda em um país que enfrenta a pobreza extrema.

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