Reinaldo: Bolsonaro tem desejo vão de que Trump reverteria inelegibilidade
Tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quando o movimento bolsonarista no Brasil esperam que uma vitória de Donald Trump nos EUA aumente a pressão sobre as anistias —tanto aos condenados pelo 8/1 quanto a Bolsonaro —, mas ainda é difícil dizer se Trump cruzaria essa linha, afirmou o colunista do UOL Reinaldo Azevedo no Olha Aqui! desta segunda-feira (4).
Reinaldo destaca o impulso que Trump poderia dar para a extrema direita global, incluindo no Brasil, por sua retórica ainda mais violenta nessa tentativa de segundo mandato.
Já era impossível a anistia dos golpistas e de [Jair] Bolsonaro, porque é inconstitucional. Não é que a vitória de Trump torne isso menos ou mais impossível. Haverá um aumento da pressão, é nítido. Também é verdade que existem canais de comunicação entre a extrema direita brasileira, bolsonaristas, e a periferia de Trump.
Trump não hesita em chamar Bolsonaro de seu homem no Brasil. E já tem essa comunicação, já tem essa carga de crescer a pressão contra o Brasil. Vamos ver também o governo brasileiro, vencendo o Trump, [tendo que] estabelecer pontes com o governo dos Estados Unidos. Há também limites para a pressão, em tese ao menos.
Trump ganhar e querer fomentar a subversão no Brasil, como os bolsonaristas estão querendo, acho que a tanto não chega. Mas também nunca dá para dizer que Trump não atravessaria essa linha. Ele atravessa.
Reinaldo Azevedo
O colunista também classificou como erro o fato de Lula ter falado publicamente que torce por uma vitória de Kamala Harris. Por mais que a observação de Lula seja certa —de que Kamala na presidência seria mais "conveniente" para o Brasil —, ainda será necessário, em um eventual governo Trump, manter as relações entre os dois países, apontou Reinaldo.
Lula errou ao fazer considerações sobre a conveniência da vitória de Kamala. Não há dúvida de que isso está certo, que o mais conveniente é que ela vença, por várias razões. Agora, como Lula está no poder e a eleição acontece lá fora, e ele terá que se relacionar com quem quer que seja, acho que o mais prudente - e espero que esteja sendo feito, pois esse tipo de coisa se faz e não se comenta - é que haja pessoas do Itamaraty encarregadas de conversar com intermediários de Trump, para que se estabeleça uma relação normalizada, tanto quanto possível, embora ali nada seja muito normal.
Reinaldo destaca que, independentemente de quem estivesse no governo brasileiro, o protecionismo trumpista somente significa más notícias para a economia brasileira —outro motivo para Lula manter-se atento aos movimentos dos americanos.
Trump seria muito ruim para a economia do Brasil. Claro que, se fechar a economia americana, não será bom para ninguém. Vai ser ruim para o Brasil, e será ruim para qualquer governo - se fosse o governo Bolsonaro, também seria ruim. Não há nada de positivo que possa acontecer se Trump ganhar.
Reinaldo Azevedo
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