Cazaquistão: presidente manda polícia 'atirar para matar' e agradece Putin por tropas
O presidente do Cazaquistão, Kassym Jomart Tokayev, anunciou hoje que autorizou as forças da lei a abrirem fogo "sem aviso prévio" para pôr fim aos protestos que abalam o país.
"Dei a ordem de atirar para matar sem aviso prévio", declarou Tokayev, em discurso transmitido pela televisão, acrescentando que "os terroristas continuam danificando propriedades e usando armas contra os cidadãos".
Tokayev rejeitou qualquer negociação e prometeu "eliminar" os "bandidos" que provocaram os distúrbios. Segundo ele, são cerca de "20 mil" pessoas, com um "plano claro".
Ele também agradeceu ao presidente russo, Vladimir Putin, por enviar tropas para o país.
Tokayev garantiu ainda que a ordem constitucional foi amplamente restabelecida no país, após dias de protestos sem precedentes.
"As forças da ordem estão trabalhando duro. A ordem constitucional foi amplamente restabelecida em todas as regiões", disse Tokayev, em um comunicado, acrescentando que as operações de segurança vão continuar "até a destruição total dos militantes".
"Os órgãos locais têm o controle da situação, mas os terroristas sempre usam armas e causam danos aos bens dos cidadãos", continuou o presidente.
Já o Ministério do Interior informou que 26 "criminosos armados" morreram, e 18 ficaram feridos. Confirmou também que todos os prédios administrativos foram "liberados e postos sob maior proteção", com 70 postos de controle instalados no país, segundo um comunicado.
Em Almaty, a capital econômica e onde os confrontos foram mais violentos, "as forças de segurança e as forças militares (...) garantem a ordem pública, a proteção das infraestruturas estratégicas e a limpeza das ruas", acrescentou.
Tropas russas e de outros países aliados chegaram ontem a esta ex-república soviética para apoiar o governo. Para controlar a situação, também se impôs um toque de recolher, e um estado de emergência foi declarado.
Um movimento de protestos varre o país desde o último domingo (2) contra o aumento do preço do gás.
Esta é a maior mobilização em décadas neste país que foi governado de 1989 até 2019 por Nursultan Nazarbayev, considerado o mentor do atual presidente.
Os distúrbios, que causaram dezenas de mortos e deixaram mais de mil feridos, de acordo com as autoridades, continuaram em Almaty na quinta-feira, onde foram ouvidos disparos.
Até o momento, 18 membros das forças de segurança morreram, e 748 ficaram feridos. Cerca de 2.300 pessoas foram presas.
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