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Alemanha e França visitam Putin para tentar diminuir tensão na fronteira com Ucrânia

Líderes da Alemanha e da França tentam diminuir a tensão na fronteira Rússia-Ucrânia e visitarão países para estabelecer diálogo nos próximos dias - Sergei Karpukhin/Pool/AFP
Líderes da Alemanha e da França tentam diminuir a tensão na fronteira Rússia-Ucrânia e visitarão países para estabelecer diálogo nos próximos dias Imagem: Sergei Karpukhin/Pool/AFP

RFI e AFP

04/02/2022 07h34Atualizada em 04/02/2022 09h49

O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente da França, Emmanuel Macron, visitarão Rússia e Ucrânia nos próximos dias para retomar o diálogo com os dois países em meio a um cenário de tensão na fronteira.

Scholz confirmou agenda para visitar Kiev, a capital da Ucrânia, em 14 de fevereiro e seguirá viagem para Moscou no dia seguinte. Não foram divulgados detalhes do encontro, mas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, anunciou que estão previstas "conversas bilaterais substanciais".

É a primeira visita de Scholz a ambos os países, desde que substituiu Angela Merkel como chanceler em dezembro passado. A viagem acontece em meio a críticas por seu baixo perfil, até o momento, nos esforços diplomáticos europeus para evitar um conflito na Ucrânia.

Na semana passada, o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, classificou como "uma piada" a ajuda alemã contra uma possível invasão russa —uma oferta de 5 mil capacetes militares. "Que tipo de apoio a Alemanha enviará a seguir? Travesseiros?", ironizou.

Segundo o porta-voz de Scholz, Wolfgang Buechner, além das relações bilaterais, "também serão abordadas questões internacionais, incluindo as de segurança".

O chanceler alemão também terá conversas, em Berlim, com os líderes de Estônia, Letônia e Lituânia. Nelas, vai-se tratar das preocupações dos países bálticos com a crise.

Já o presidente francês visitará a Rússia em 7 de fevereiro e, no dia seguinte, a Ucrânia. Macron, que exerce a presidência rotativa da União Europeia, tentará acelerar uma mediação entre os dois países.

Nos últimos dias, o presidente francês realizou diversas conversas telefônicas sobre o tema com os dois líderes, além do presidente americano, Joe Biden, e demais lideranças europeias. Macron participará do encontro pessoalmente "em coordenação com os parceiros europeus", frisou o palácio do Eliseu ao anunciar a viagem.

Em uma ligação telefônica na quinta-feira, Putin e Macron conversaram sobre "garantias de segurança" exigidas por Moscou ante ao temor do avanço das forças da Otan na região. O Kremlin ressaltou que foi um "diálogo construtivo".

UE diz estar pronta em caso de invasão à Ucrânia

Ao mesmo tempo, a União Europeia diz estar pronta para agir em caso de uma invasão da Ucrânia. Em uma entrevista ao jornal francês Les Echos e o alemão Handelsblatt, publicada nesta sexta, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que um pacote "robusto e completo" de sanções contra Moscou está pronto para ser adotado, caso tenha início um conflito militar.

As medidas iriam "do fechamento do acesso aos capitais estrangeiros ao controle de exportações de bens de primeira necessidade e componentes de alta tecnologia que a Rússia simplesmente não pode substituir, como os de inteligência artificial e armamentos", explicou von der Leyen.

O gasoduto Nord Stream 2, que levará gás russo à Alemanha, também poderia fazer parte do pacote, afirmou.

Americanos acusam russos de planejar farsa para invadir Ucrânia

Já os Estados Unidos afirmaram nesta quinta-feira (3) ter "provas" de que Moscou planeja produzir vídeos falsos de um ataque de ucranianos a russos para que sirvam como desculpa para um ataque real a seu vizinho.

"Temos informações de que os russos provavelmente querem inventar um pretexto para uma invasão", disse John Kirby, porta-voz do Departamento de Defesa. "Acreditamos que a Rússia poderia produzir vídeos de propaganda que incluiriam cadáveres, atores como enlutados e imagens de lugares destruídos" para justificar a invasão da Ucrânia, declarou ele a repórteres —sem, entretanto, apresentar nenhum material que comprovasse as alegações.

Moscou concentrou mais de 100 mil soldados e armamentos pesados na fronteira, movimentação que preocupa há meses o país vizinho e seus aliados ocidentais. Parte do plano consistiria em fazer com que o equipamento militar ucraniano usado no suposto ataque parecesse fornecido pelo Ocidente, denunciou Kirby, o que justificaria ainda mais as retaliações russas contra a Ucrânia.