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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Secretário-geral da ONU alerta para fome no mundo com guerra na Ucrânia

14.mar.2022 - Equipes de resgate trabalham em prédio atingido por ataque aéreo em Kharkiv, na Ucrânia - Vitalii Hnidyi/Reuters
14.mar.2022 - Equipes de resgate trabalham em prédio atingido por ataque aéreo em Kharkiv, na Ucrânia Imagem: Vitalii Hnidyi/Reuters

14/03/2022 16h44

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou nesta segunda-feira (14) para as repercussões da guerra entre Rússia e Ucrânia, que poderia resultar em um "furacão de fome" em muitos países.

A suspensão da produção agrícola na Ucrânia e na Rússia devido ao conflito atingirá "mais duramente os mais pobres e semeará instabilidade política e mal-estar em todo o mundo", destacou Guterres à imprensa em Nova York.

"Esta guerra afeta muito mais do que a Ucrânia", acrescentou.

"Os preços dos cereais já superaram os do começo da Primavera Árabe e os distúrbios por alimentos de 2007-2008", afirmou, acrescentando que o índice mundial de preços dos alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) "está em seu nível jamais registrado".

"Devemos fazer tudo o possível para evitar um furacão de fome e o colapso do sistema alimentar mundial", destacou Guterres.

Rússia e Ucrânia são considerados "o celeiro de cereais" do mundo.

No total, "45 países africanos e os menos desenvolvidos importam pelo menos um terço de seu trigo de Ucrânia ou Rússia; 18 destes países importam ao menos 50%. Isto inclui países como Burkina Faso, Egito, República Democrática do Congo, Líbano, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen", disse Guterres, que voltou a pedir o fim das hostilidades.

Enquanto isso, o secretário-geral adjunto para Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, anunciou a liberação de 40 milhões de dólares do Fundo Central de Resposta a Emergências (CERF) para a Ucrânia.

A guerra neste país já deixa mais de dois milhões de deslocados, "mas muitos não podem sair de seus lares devido aos intensos combates em cidades como Mariupol, Karkhiv e Kiev", informou um comunicado de seu gabinete, que registrou "24 ataques a instalações sanitárias" até hoje.

"Frente a esta crise sombria, que piora, mobilizamos um esforço de assistência maciço", disse Griffiths.

Estes 40 milhões de dólares "são essenciais para iniciar as operações" disse, acrescentando que "um financiamento rápido e flexível pode fazer a diferença".