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Mísseis podem forçar Rússia a negociar paz, diz líder diplomático dos EUA

A decisão do presidente norte-americano, Joe Biden, de permitir à Ucrânia atacar o território russo com mísseis de longo alcance fornecidos por Washington pode forçar a Rússia a "negociar a paz", segundo Brian A. Nichols, chefe diplomático dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental.

O que aconteceu

Mísseis darão maior capacidade à Ucrânia de se defender e Rússia poderá a começar a negociar paz ou "se retirar do território ucraniano", disse Nichols ao O Globo. A declaração foi dada ao jornal no Rio de Janeiro, no primeiro dia da cúpula de líderes do G20, após Washington autorizar o uso dos armamentos de longo alcance de fabricação norte-americana por Kiev.

As armas que o presidente Biden autorizou a Ucrânia a usar darão a ela maior capacidade de se defender e, com sorte, permitirão que a Federação Russa entenda que o uso da força para tomar o território ucraniano não será bem-sucedido e talvez ela começará a negociar a paz, ou melhor ainda, simplesmente irá se retirar do território ucraniano. São eles que têm o controle total sobre a duração ou não desse conflito
Brian A. Nichols, em entrevista ao jornal O Globo, na última segunda-feira (18)

Mísseis de longo alcance dos EUA mudam 'regras do jogo' para a Ucrânia, declarou chanceler ucraniano. "[Autorização dos Estados Unidos] pode mudar as regras do jogo. Quanto mais tempo a Ucrânia puder atacar, mais curta será a guerra", disse o ministro de Assuntos Exteriores do país, Andrii Sybiga, a jornalistas antes de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU por ocasião dos 1.000 dias da invasão russa à Ucrânia.

No mesmo dia, governo russo afirmou que decisão dos EUA escalaria conflito. "O uso de mísseis de longo alcance por Kiev para atacar nosso território significaria a implicação direta dos Estados Unidos e de seus aliados nas hostilidades contra a Rússia, e uma mudança radical na essência e natureza do conflito. (...) A resposta da Rússia neste caso será adequada e se fará sentir", declarou à AFP a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.

Autorização dos EUA "não mudará em nada" a estratégia de Moscou, afirmou presidente do comitê de defesa da câmara baixa do Parlamento russo. Ainda na segunda, Andrei Kartapolov afirmou à agência estatal Ria Novosti que os objetivos estabelecidos pelo presidente russo Vladimir Putin na Ucrânia "serão alcançados". Ele disse que, para combater os mísseis de longo alcance, seria necessário "impedir que os aviões decolassem".

Estamos nos concentrando nessa tarefa. Isso é uma prioridade, porque se um avião não decolar, o míssil não será lançado. Embora os ucranianos afirmem que visam alvos militares, muitas vezes atingem cidades e áreas povoadas, o que é um risco real.
Andrei Kartapolov, presidente do comitê de defesa da câmara baixa do Parlamento russo, em entrevista à agência estatal russa Ria Novosti

Kartapolov alertou ainda sobre risco de guerra mundial e disse que "resposta da Rússia será imediata". "Mas isso não deixa de ser uma decisão sem precedentes e muito importante para dar início à Terceira Guerra Mundial. Os americanos o farão por impulso de um 'velho' [Joe Biden] que está prestes a deixar o cargo e não será mais responsável por nada em dois meses", completou.

Presidente ucraniano falou sobre importância da "capacidade de longo alcance" para seu Exército. Ele lembrou, porém, que operações militares "não são anunciadas", segundo a RFI.

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