Guerra na Ucrânia é uma 'repetição' da Síria, diz Anistia Internacional
A invasão russa da Ucrânia é uma "repetição" da guerra na Síria, alertou nesta terça-feira (29, noite de segunda em Brasília) a Anistia Internacional, que denuncia um "aumento dos crimes de guerra", após mais de um mês de conflito.
"O que ocorre na Ucrânia é a repetição do que se viu na Síria", declarou à AFP a secretária-geral da AI, Agnès Callamard, durante a apresentação em Joanesburgo do relatório 2021-2022 sobre a situação dos direitos humanos no mundo.
"Estão ocorrendo ataques intencionais contra infraestruturas civis, residenciais" e bombardeios de escolas, e acusou a Rússia de proporcionar corredores humanitários para transformá-los em "armadilhas mortais".
Comparando Mariupol, no leste da Ucrânia, com a cidade síria de Aleppo, devastada pelas atrocidades do regime de Damasco apoiado pela Rússia em uma guerra que já dura 11 anos, a organização denunciou "o aumento dos crimes de guerra" na Ucrânia.
"Nossos pesquisadores 'in loco' documentaram durante dez dias o uso das mesmas táticas de Síria e Chechênia", como o ataque contra civis e o uso de munições proibidas pelo direito internacional, assinalou Marie Struthers, diretora de Anistia Internacional para a Europa do Leste e a Ásia Central, em coletiva de imprensa em Paris.
A "insolência" mostrada pela Rússia para lançar este ataque foi facilitada por "um sistema internacional que está de joelhos" e o fracasso das instituições, entre elas o Conselho de Segurança das Nações Unidas, na hora de tratar das guerras anteriores, disse Callamard. Ela também lembrou que, em tempos de pandemia, os conflitos continuaram, especialmente em Etiópia, Mianmar e Afeganistão.
"Frente à Rússia não pode haver neutralidade", disse, ao se referir aos chefes de Estado africanos.
Durante a votação de uma resolução da ONU na qual se pedia, no início de março, a retirada das forças russas, cerca de 20 países africanos se abstiveram.
Uma das vozes do continente em matéria de diplomacia, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa defende a mediação, e adota uma posição "fraca, pouco histórica e pouco visionária", lamentou Callamard.
Após dois anos de pandemia de coronavírus, a Anistia Internacional denunciou ataques contra os direitos humanos com o pretexto de lutar contra a propagação do vírus.
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