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Dinamarca decide hoje se entrará na política de defesa da União Europeia

1º.jun.2022 - Dinamarquês vota em referendo para decidir adesão à política de defesa da União Europeia  - Emil Helms/Ritzau Scanpix/AFP
1º.jun.2022 - Dinamarquês vota em referendo para decidir adesão à política de defesa da União Europeia Imagem: Emil Helms/Ritzau Scanpix/AFP

01/06/2022 08h25

Copenhague, Dinamarca, 1 Jun 2022 (AFP) - Os dinamarqueses começaram a votar nesta quarta-feira (1) em um referendo que determinará se o país entrará na política de defesa da União Europeia, da qual permaneceu à margem por 30 anos, uma nova consequência da guerra na Ucrânia no mapa de segurança do continente.

O "sim" é o favorito entre os 4,3 milhões de dinamarqueses convocados às urnas, com mais de 65% das intenções de voto na última pesquisa publicada no domingo.

Os colégios eleitorais abriram às 8h (3h de Brasília) e fecharão às 20h (15h de Brasília). Os resultados serão anunciados à noite.

Em Copenhague, os primeiros dinamarqueses começaram a votar nas primeiras horas.

"A história está mudando e nos afeta aqui, na Dinamarca, e temos que reagir", comentou à AFP Mads Adam, estudante de ciências políticas de 24 anos.

"Acredito que hoje esse tipo de votação é ainda mais importante. Em tempos de guerra, é evidente que é importante dizer se queremos nos unir a esse tipo de comunidade ou não", estima Molly Stensgaard, roteirista de 55 anos.

Espera-se um alto índice de abstenção, em um país acostumado a dizer "nej" (não) aos referendos sobre a Europa, o último deles em 2015.

"Acredito de todo o coração que temos que votar sim. Já que teremos que lutar pela segurança da Europa, temos que estar mais unidos com nossos vizinhos", comentou a primeira-ministra, Mette Frederiksen, no último debate televisionado na noite de domingo.

Membro do bloco comunitário desde 1972, a Dinamarca disparou o primeiro tiro de canhão do euroceticismo ao rejeitar o tratado de Maastricht em 1992 com 50,7%, algo nunca visto na época.

Para acabar com esse bloqueio que ameaçava a entrada em vigor do tratado fundador de toda a União Europeia, a Dinamarca obteve uma série de cláusulas de exclusão conhecidas como "opt out" no jargão europeu e finalmente disse "sim" em uma nova votação no ano seguinte.

Desde então, a Dinamarca ficou de fora da zona do euro após um referendo em 2000, mas também da política europeia de assuntos internos e justiça (também rejeitada em um referendo em 2015) e de defesa.

Devido a esta última exceção, o país escandinavo e membro fundador da Otan não participou em nenhuma missão militar da UE.

Antes marginal, a política de defesa dos 27 ganhou importância nos últimos anos, embora a ideia de um exército europeu ainda faça chiar muitos países.

No referendo dinamarquês, 11 partidos dos 14 com representação parlamentar fizeram campanha pelo sim, o que representa mais de 75% das cadeiras.

Apenas duas formações eurocéticas de extrema-direita e um partido radical de esquerda se posicionaram contra.

Um dos principais argumentos do campo do "não" é que o surgimento de uma defesa europeia seria em detrimento da Otan, pedra angular da segurança dinamarquesa desde sua criação em 1949.

Com a candidatura histórica da Suécia e da Finlândia à Otan e o referendo dinamarquês, os três países escandinavos poderão em breve participar na política de defesa europeia e na aliança transatlântica.