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Governistas e opositores empatados nas eleições legislativas da França

Um funcionário conta as cédulas para o primeiro turno das eleições parlamentares francesas, em uma estação de votação em Henin-Beaumont, França - REUTERS/Pascal Rossignol
Um funcionário conta as cédulas para o primeiro turno das eleições parlamentares francesas, em uma estação de votação em Henin-Beaumont, França Imagem: REUTERS/Pascal Rossignol

12/06/2022 16h02

Paris, 12 Jun 2022 (AFP) - No primeiro turno das eleições legislativas da França neste domingo (12), a frente de esquerda e a aliança de centro do presidente Emmanuel Macron, que não tem maioria parlamentar garantida, conquistaram cerca de 25% dos votos cada, segundo as primeiras estimativas.

Essas eleições são cruciais para Macron, reeleito por mais cinco anos em 24 de abril, que precisa de maioria absoluta para poder aplicar sem problemas seu programa de linha liberal, como alterar a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos.

Mas, pela primeira vez em 25 anos, os principais partidos de esquerda - ecologistas, comunistas, socialistas e França Insubmissa (esquerda radical) - decidiram concorrer em uma frente unida, liderada por Jean-Luc Mélenchon.

A aliança Juntos, de Macron, teria entre 25% e 25,8% dos votos, enquanto a Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes) alcançaria 25% a 26,2%, de acordo com institutos de opinião após o fechamento das urnas.

O sistema eleitoral francês dificulta as projeções de resultados. Os eleitores devem escolher o deputado de sua circunscrição - 577 no total - em um sistema uninominal de dois turnos.

No entanto, segundo pesquisas de opinião, após a votação de 19 de junho, as forças que apoiam o presidente ganhariam entre 260 e 310 cadeiras, seguidas pelo Nupes (150 a 220). A maioria absoluta é de 289 deputados.

A mobilização foi fundamental para o equilíbrio final de forças, especialmente quando os eleitores da esquerda radical e da extrema-direita são mais propensos a se abster. A abstenção ficou em pouco mais da metade, apontam estimativas.

Cenários

No entanto, Mélenchon, um político veterano de 70 anos, que por pouco não chegou ao segundo turno da eleição presidencial, com quase 22% dos votos, busca a revanche no que considera um "terceiro turno", com o objetivo de impedir Macron de aplicar seu projeto liberal.

Para a esquerda, o presidente foi reeleito em abril não por seu programa, mas porque os franceses votaram nele para impedir que sua rival de extrema direita Marine Le Pen chegasse ao poder, sob a chamada "frente republicana".

Diante do avanço da Nupes e da possibilidade de perder a maioria absoluta, o presidente francês, de 44 anos, entrou na campanha na reta final para pedir uma "maioria forte e clara" diante dos "extremos".

Após o segundo turno de 19 de junho, o país saberá se Macron recebeu a confiança total dos franceses com mais de 289 deputados, se ele será obrigado a negociar com uma maioria relativa ou se terá que governar em "coabitação".

No último cenário, "ele não estabeleceria mais a política da nação, e sim a maioria na Assembleia e o primeiro-ministro que sair desta", explica Dominique Rousseau, professor de Direito Constitucional na Universidade Panthéon-Sorbonne.

A França já conheceu mandatos com um governo e um presidente de tendências políticas diferentes. A última coabitação ocorreu de 1997 a 2002, quando o presidente conservador Jacques Chirac nomeou o socialista Lionel Jospin como primeiro-ministro.

Como Jospin, que liderou a aliança Esquerda Plural nas legislativas de 1997, Mélenchon espera se tornar o chefe de Governo. A ideia de ver o "Chávez francês, nas palavras do ministro da Economia, no poder preocupa o partido governista.

Ao contrário da eleição presidencial, a extrema-direita - dividida - não chega para as legislativas em posição de força, além de seus redutos no norte e sudeste do país. E o partido de direita tradicional Os Republicanos joga seu futuro depois do péssimo resultado em abril.

De acordo com as pesquisas, o partido de Le Pen teria conquistado entre 10 e 45 cadeiras, atrás dos republicanos (entre 33 e 80 deputados). O partido de extrema-direita Reconquista de Éric Zemmour pode entrar no parlamento com até 3 deputados.

Embora o poder aquisitivo, em um contexto de alta de preços devido à guerra na Ucrânia, apareça como a principal preocupação, a campanha foi marcada por diversas polêmicas sobre a atuação da polícia, como a da final da Liga dos Campeões no Stade de France.