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EI assume ataque contra templo sikh no Afeganistão

Homens armados invadiram um templo sikh, na capital afegã, na manhã de 18 de junho - Ahmad Sahel Arman/AFP
Homens armados invadiram um templo sikh, na capital afegã, na manhã de 18 de junho Imagem: Ahmad Sahel Arman/AFP

19/06/2022 12h15Atualizada em 19/06/2022 13h15

O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque a um templo sikh no Afeganistão, que matou um membro da comunidade e um combatente talibã. O grupo disse que o ataque foi realizado em retaliação por insultos contra o profeta Maomé.

Uma onda de protestos em vários países muçulmanos foi desencadeada por declarações da porta-voz do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, referindo-se ao relacionamento entre o profeta e sua esposa mais nova.

Em uma mensagem postada em seu site de propaganda Amaq, o Estado Islâmico (EI) disse que o alvo do ataque de sábado foram hindus e sikhs e os "apóstatas" que os protegeram, em "um ato de apoio ao mensageiro de Alá".

O EI disse que um de seus combatentes "entrou no templo para hindus e politeístas sikhs em Cabul, depois de matar seu guarda, e abriu fogo contra os pagãos com uma metralhadora e granadas de mão".

Dois membros da comunidade sikh foram mortos e outros sete ficaram feridos no sábado após o ataque. Combatentes das forças do Talibã correram para o local e um deles foi morto, disse o porta-voz.

"Dois dos agressores morreram durante a intervenção", disse um porta-voz do Ministério do Interior, Abdul Nafi Takor, em comunicado. Poucos minutos após o ataque, um carro-bomba explodiu perto do templo, sem causar vítimas, acrescentou Abdul Nafi Takor.

"Ouvi tiros e explosões vindos do 'gurdwara'", o templo sikh, disse à AFP Gurnam Singh, líder desta comunidade religiosa em Cabul.

"Normalmente, a esta hora da manhã, temos vários devotos sikhs que vêm ao templo para rezar." Após o ataque ocorreu um incêndio.

Vídeos postados nas redes sociais mostram uma coluna de fumaça preta subindo acima do local e tiros são ouvidos. No Afeganistão, um país quase inteiramente muçulmano, existem cerca de 200 sikhs, contra meio milhão na década de 1970.

Vítimas de ataques

Nos últimos anos, a comunidade afegã Sikh tem sido alvo de vários ataques. O mais mortal foi em março de 2020, quando homens armados invadiram um templo em Cabul, matando pelo menos 25 pessoas. O grupo jihadista Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque.

O EI já havia atacado essa minoria em julho de 2018 em Jalalabad, no leste do país, em uma ação suicida na qual 19 pessoas morreram. Quarenta anos de guerra, pobreza e discriminação causaram o êxodo da comunidade afegã Sikh.

Depois que o Talibã chegou ao poder em Cabul em agosto de 2021, quase cem deles foram para o exílio. O número de ataques, muitas vezes direcionados a comunidades religiosas minoritárias, diminuiu no país desde a chegada do Talibã.

Mas uma série de ataques a bomba, matando dezenas de pessoas, atingiu o país no final de abril, durante o mês do Ramadã, e novamente no final de maio. A maioria foi reivindicada pelo EI.

O Talibã está tentando minimizar a ameaça do Estado Islâmico-Khorasan (IS-K), o braço regional do EI, e está travando uma batalha contra o grupo, que já dura anos.

Também aumentaram o número de batidas, especialmente na província de Nangarhar (leste), e prenderam centenas de homens acusados de pertencer ao grupo.