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UE concede status de candidata à Ucrânia, em guerra com a Rússia

Bandeiras da Ucrânia, da União Europeia e dos Estados Unidos, em Kiev - Gleb Garanich/Reuters
Bandeiras da Ucrânia, da União Europeia e dos Estados Unidos, em Kiev Imagem: Gleb Garanich/Reuters

23/06/2022 18h26

A União Europeia (UE) aceitou nesta quinta-feira (23) a candidatura da Ucrânia para aderir ao bloco, um claro gesto de apoio ao país que resiste há quatro meses a uma invasão da Rússia, que está se apoderando de sua região oriental.

A cúpula dos 27 países da UE em Bruxelas também chegou a um acordo para conceder o status de candidata à Moldávia, outra ex-república soviética que tem parte de seu território controlado por separatistas pró-Rússia.

"É um momento único e histórico nas relações entre Ucrânia e UE", tuitou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ao acrescentar que "o futuro da Ucrânia está no seio da UE".

O presidente da França, Emmanuel Macron, cujo país exerce a presidência semestral da UE, afirmou que esta decisão envia "um sinal muito forte" às autoridades russas.

Os ucranianos "lutam para defender nossos valores, sua soberania e sua integridade territorial, e também devemos isso à Moldávia, se levarmos em conta a situação política de desestabilização que atravessa" esse país, acrescentou.

O presidente francês se referia assim às tensões entre as autoridades moldavas e a região separatista pró-Rússia da Transnístria, que aumentaram nas últimas semanas.

"Estamos iniciando o nosso caminho rumo à UE, que vai trazer prosperidade aos moldavos, oferecer maiores possibilidades e garantir uma melhoria da ordem no país", escreveu no Facebook a presidente da Moldávia, Maia Sandu.

Ucrânia e Moldávia apresentaram suas candidaturas pouco depois do início da invasão russa à primeira. A celeridade da aceitação contrasta com os longos prazos que outros países devem esperar, mas o processo de adesão propriamente dito pode levar anos.

- Resistência 'inútil' -Na frente bélica, a Rússia mantém sua ofensiva sobre as cidades-gêmeas de Severodonetsk e Lysychansk, na região de Luhansk.

Essa região forma, junto com Donetsk, a bacia do Donbass, que já estava parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia desde 2014.

O governador de Luhansk, Serhiy Haiday, afirmou que os russos "multiplicam as ofensivas para cercar" as tropas ucranianas e haviam se apoderado das localidades de Loskutivka e Rai-Oleksandrivkam, a alguns quilômetros de Lysychansk.

E o governador de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, revelou em entrevista à AFP que "não existe nenhum lugar, nenhuma cidade da região de Donetsk, que seja seguro".

Segundo Kyrylenko, o comando ucraniano "faz o possível" para evitar que os soldados ucranianos fiquem "cercados" em Severodonetsk e em Lysychansk, que constituem o último foco de resistência na região.

"A missão principal é frear o avanço do inimigo para [as cidades de] Sloviansk e Kramatorsk", mais a oeste, assinalou.

Os Estados Unidos anunciaram o envio de um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia avaliado em 450 milhões de dólares.

"Este pacote contém armas e equipamentos, entre eles novos sistemas de foguete de artilharia de alta mobilidade", detalhou o porta-voz da Casa Branca, John Kirby.

No entanto, um representante dos separatistas pró-Rússia chamou a resistência ucraniana em Lysychansk e Severodonetsk de "inútil".

"Acho que, no ritmo em que nossos soldados estão indo, muito em breve todo o território da República Popular de Lugansk [Luhansk em russo] será libertado", disse o tenente-coronel Andrey Marochko à AFP por videochamada.

Os bombardeios se sucedem em outras partes do país, como na região nordeste de Kharkiv, onde 15 pessoas morreram na terça-feira. Em Mykolaiv (sul), a Rússia anunciou ter destruído 49 depósitos de combustíveis e três oficinas de reparo para veículos blindados.

Na quarta-feira, dois silos de grãos foram atingidos pelos bombardeios russos nessa mesma região, segundo seus operadores.

Os portos de Mykolaiv e Odessa estão bloqueados desde o início do conflito, o que paralisa o transporte marítimo de cereais. As exportações russas, por sua vez, são afetadas pelas sanções dos países do Ocidente.

Nesse sentido, muitas nações veem ameaçada a sua segurança alimentar, pois dependem dos grãos ucranianos e dos fertilizantes russos.

A crise "deve ser solucionada em um mês, senão as consequências podem ser devastadoras", declarou a ministra das Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss.

- Putin pede cooperação ao BRICS -O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu maior cooperação ao grupo de países emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para fazer frente às "ações egoístas" dos países do Ocidente.

Putin denunciou as tentativas dos países ocidentais de "utilizar mecanismos financeiros para fazer com que todo o mundo seja responsável por seus próprios erros de política macroeconômica".

Segundo Putin, as nações do BRICS poderiam contar com o apoio de "vários países de Ásia, África e América Latina, que buscam realizar uma política independente".

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da ucraniano, Dmytro Kuleba, pediu aos países africanos que "se mantenham ao lado da Ucrânia" e "não comprem grãos ucranianos roubados", segundo ele, pelas forças russas.

A cúpula europeia desta quinta em Bruxelas será seguida por outra do G7 - que reúne as sete economias mais industrializadas do mundo - e uma terceira da Otan, nas quais participará o presidente americano Joe Biden. Essas três reuniões terão como foco as discussões sobre como ajudar financeiramente a Ucrânia.