Erdogan volta a ameaçar Suécia e Finlândia com bloqueio a ingresso na Otan
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, voltou a ameaçar nesta quinta-feira (30) a Suécia e a Finlândia com um bloqueio à adesão dos dois países à Otan menos de 48 horas depois do acordo entre os três países.
Desde meados de maio, Ancara bloqueia o processo de adesão dos dois países, acusando-os de proteger combatentes curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e das Unidades de Proteção do Povo (YPG), que considera organizações terroristas.
Mas na noite de terça, os governos de Turquia, Suécia e Finlândia assinaram um memorando de entendimento abrindo o caminho dos países nórdicos à Aliança Atlântica.
Nesta quinta, o presidente turco falou pela primeira vez desde a surpreendente assinatura do acordo e apresentou suas condições.
"Se cumprirem com seu dever, apresentaremos (o memorando) no Parlamento" para sua aprovação. "Se não o fizerem, é impossível para nós enviá-lo ao Parlamento", advertiu.
Erdogan se referiu a uma "promessa feita pela Suécia", relativa à extradição de "73 terroristas".
"Vão devolvê-los, o prometeram. Está nos documentos escritos. Vão cumprir sua promessa", acrescentou sem entrar em detalhes.
Na noite desta quinta, o governo sueco lembrou que suas decisões em matéria de extradição eram submetidas a uma justiça "independente".
"Na Suécia, a lei sueca se aplica com tribunais independentes", afirmou em declaração por escrito enviada à AFP o ministro da Justiça, Morgan Johansson.
"Pessoas não suecas podem ser extraditadas a pedido de outros países, mas só se isto for compatível com a lei sueca e a Convenção Europeia no tema da extradição", acrescentou.
O chefe de Estado turco também pediu a Finlândia e Suécia para "completarem suas leis" sobre a presença em seu território de membros do PKK e das YPG, que operam nas fronteiras da Turquia no norte do Iraque e da Síria.
"O importante é que sejam cumpridas as promessas feitas à Turquia", insistiu.
Segundo o memorando assinado na terça-feira, a Turquia suspende o veto à adesão dos dois países nórdicos à Otan em troca de sua cooperação contra os membros dos movimentos curdos afetados.
No dia seguinte, Ancara exigiu a Suécia e Finlândia a extradição de 33 "terroristas".
Todos são membros do PKK, considerado como organização terrorista por Ancara e seus aliados ocidentais ou do movimento fundado pelo pregador Fethullah Gülen, a quem Erdogan acusa de ter instigado a tentativa de golpe de Estado de julho de 2016.
"Todos estos casos já se solucionaram na Finlândia", comentou o presidente finlandês, Sauli Niinistö, e o ministério da Justiça finlandês informou que "não recebeu novas solicitações de extradição da Turquia nos últimos dias".
A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, prometeu nesta quarta para "cooperar mais estreitamente com a Turquia em relação às listas de (combatentes) do PKK".
"Mas, obviamente, continuamos respeitando a lei sueca e o direito internacional", acrescentou em mensagem publicada no Instagram.
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