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ONGs pedem aos EUA rápido reconhecimento do vencedor das eleições no Brasil

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) - Ricardo Stuckert e Alan Santos/PR
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) Imagem: Ricardo Stuckert e Alan Santos/PR

26/07/2022 21h13Atualizada em 26/07/2022 21h31

Várias ONGs brasileiras se reuniram, nesta terça-feira (26), com o Departamento de Estado e congressistas dos Estados Unidos para pedir que reconheçam rapidamente o vencedor das eleições presidenciais de outubro, em meio a temores de "ameaças" por parte do presidente Jair Bolsonaro, que tem colocado em dúvida o sistema eleitoral.

"A atenção internacional é fundamental neste momento", disse Paulo Abrão, diretor executivo do Washington Brazil Office (WBO), o think tank que organizou a viagem.

Em um comunicado, delegações de 19 organizações instam o governo de Joe Biden a "reconhecer imediatamente o resultado" das eleições "tão logo o Tribunal Superior Eleitoral divulgue a contagem dos votos, independentemente de quem vença".

"Proteger a integridade do sistema eleitoral brasileiro e do processo eleitoral é urgente e vital para a sobrevivência da democracia", afirmou Flávia Pellegrino, do Pacto pela Democracia, descrevendo Bolsonaro como um "governante autoritário".

"Não é apenas bravata ou especulação. Estamos diante de um processo golpista em curso no Brasil. Queremos que os resultados das eleições sejam reconhecidos e respeitados, ganhe quem ganhar", acrescentou.

Bolsonaro acusou recentemente as autoridades eleitorais de não querer transparência nas eleições e questionou, sem provas, a suposta vulnerabilidade das urnas eletrônicas.

"Queremos corrigir falhas, queremos transparência, queremos democracia de verdade. Estou sendo acusado o tempo todo [...] como uma pessoa que quer dar o golpe. Estou questionando antes, porque temos tempo ainda de resolver esse problema, com a própria participação das Forças Armadas", declarou.

A comitiva das ONGs inclui representantes do movimento negro, ambientalistas, defensores dos direitos humanos e grupos LGTBIAQ+, que se queixam do "aumento da perseguição" contra eles e temem que "a situação piore se as eleições de outubro não forem realizadas de maneira livre e sem travas".

O encontro de hoje, com duração de uma hora e meia e a portas fechadas, demonstra a "preocupação" de Washington "pelo estado da democracia no Brasil", disse à AFP Renato Morgado, gerente de programas da Transparência Internacional Brasil.

O Departamento de Estado confirmou a reunião, observando que diplomatas americanos se reúnem regularmente com membros da sociedade civil de todo o mundo.

"O Brasil tem um sólido histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos níveis de participação dos eleitores", afirmou um porta-voz. "Confiamos que as eleições de 2022 no Brasil refletirão a vontade do eleitorado", acrescentou, rejeitando implicitamente as alegações de fraude feitas por Bolsonaro.

O atual presidente está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas. Bolsonaro era aliado do ex-presidente americano Donald Trump, a quem admira, e estima que algo semelhante ao ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, poderia acontecer no Brasil.