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Crematórios em Pequim ficam sobrecarregados por onda de covid-19

Profissionais em local de testagem para covid-19 em Xangai, na China - 9.dez.2022 - Aly Song/Reuters
Profissionais em local de testagem para covid-19 em Xangai, na China Imagem: 9.dez.2022 - Aly Song/Reuters

16/12/2022 11h14

Funcionários de crematórios em Pequim disseram nesta sexta-feira (16) que seus estabelecimentos estão sobrecarregados com a onda sem precedentes de casos de covid-19 na China que, segundo as autoridades, em breve atingirá as áreas rurais do país.

A epidemia se propaga rapidamente por todo o país, uma semana após a suspensão da maioria das restrições de saúde em vigor há quase três anos.

As autoridades admitem que agora é "impossível" contar o número de casos.

"Nós cremamos 20 corpos por dia, principalmente de idosos. Muitas pessoas adoeceram recentemente", contou à AFP um funcionário do crematório. "Dos 60 que trabalham aqui, mais de 10 testaram positivo para covid, mas não temos escolha porque há muito trabalho," acrescentou.

Trabalhadores de outras duas funerárias de Pequim, entrevistados pela AFP, disseram que seus estabelecimentos estão funcionando 24 horas por dia, oferecendo serviços de cremação no mesmo dia para atender à forte demanda. Outro estabelecimento desse tipo indicou que sua lista de espera é de uma semana.

Apesar disso, os números oficiais não registram nenhuma morte relacionada à covid-19 desde 4 de dezembro.

A organização de luta contra a covid-19 pediu aos governos locais que aumentem a vigilância e os cuidados médicos para as pessoas que retornam para suas casas nas áreas rurais antes do feriado do Ano Novo Chinês em janeiro.

O evento causa o maior deslocamento populacional do mundo todos os anos. Espera-se que seja ainda maior este ano, uma vez que as restrições de viagem entre as províncias foram suspensas.

A imprensa estatal chinesa e os especialistas em saúde minimizam o perigo da variante ômicron, e o especialista em doenças respiratórias Zhong Nanshan propôs renomear a covid-19 como "resfriado do vírus".

No entanto, milhões de idosos não foram vacinados e os testes de antígenos e medicamentos para febre são escassos.

Um estudo recente de pesquisadores da Universidade de Hong Kong afirmou que a covid pode matar um milhão de pessoas na China neste inverno, se uma quarta dose de vacina ou novas restrições não forem impostas.

Oficialmente, apenas nove mortes foram atribuídas à epidemia desde meados de novembro. O país registra mais de 10.000 casos diários desde então.

Nas redes sociais viralizaram diversos vídeos de pacientes com covid, sentados em bancos do lado de fora de hospitais lotados e recebendo infusões de solução salina.

A AFP conseguiu geolocalizar um deles, filmado em frente a um hospital na cidade de Hanchuan, na província de Hubei (centro). Um funcionário do hospital confirmou que as imagens datam de terça-feira.

"Os pacientes se ofereceram para se sentar ao sol porque havia muitas pessoas lá dentro", limitou-se a dizer à AFP.