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Novo assassinato de policial impacta o Chile e acelera agenda de combate ao crime

06/04/2023 22h03

Uma nova morte de um policial, registrada nesta quinta-feira (6), a terceira no último mês, causou comoção no Chile e levou o governo do esquerdista Gabriel Boric a acelerar medidas para enfrentar o aumento dos crimes violentos no país.

Em pleno centro da capital, Santiago, o cabo Rodrigo Palma, 33 anos, foi assassinado com dois tiros no rosto, enquanto fazia uma ronda. A notícia abalou o país sul-americano, que sofre com o aumento de crimes com armas de fogo e uma deterioração da segurança pública. Em 2022, os homicídios cresceram 33,4%.

"O crime e a delinquência têm claro que seu principal adversário é um Chile unido, por isso é que tentam constantemente nos dividir, não caiamos nesse jogo", disse Boric em mensagem à nação, acompanhado por seus ministros, todos de luto.

O funeral do policial uniu a maioria dos ex-presidentes do Chile: Ricardo Lagos (2000-2006); Michelle Bachelet (2006-2010; 2014-2018); Sebastián Piñera (2010-2014; 2018-2022) e Boric assistiram juntos à missa.

O terceiro assassinato de um policial em 23 dias coincidiu com a promulgação por parte de Boric de uma lei que dá mais poder aos agentes de segurança, e que gerou controvérsias. Motivou, também, a antecipação de um plano para erradicar a violência nas ruas e o anúncio de um investimento adicional em segurança de 1,5 bilhão de dólares (R$ 7,6 bilhões) por ano.

Durante à tarde, 100 pessoas protestaram na simbólica Plaza Italia de Santiago para exigir do governo de Boric maiores medidas de segurança e respaldar o trabalho policial.

"O gatilho fácil, como diz no governo, está para os delinquentes e para as pessoas que realmente trabalham atrás de um uniforme, não há nenhum respaldo", se queixou Isabel Jorquera, administradora de 45 anos.

O debate do aumento da delinquência, principal preocupação dos chilenos, somou-se à discussão sobre a imigração ilegal, despertando um clima de xenofobia, em particular, contra a comunidade venezuelana, hoje a mais numerosa do país.

A procuradoria identificou publicamente dois jovens venezuelanos como "pessoas de interesse" na investigação do crime contra a polícia e as fotos de seus rostos circularam nas redes sociais e na televisão.

"Os estrangeiros que não portarem seu documento nacional de identidade e que forem detidos terão a prisão preventiva solicitada", disse o procurador nacional Angel Valencia em coletiva de imprensa.

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© Agence France-Presse