Boric e Lula se reúnem no Chile em encontro marcado pela crise pós-eleições na Venezuela

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido nesta segunda-feira (5) pelo mandatário chileno, Gabriel Boric, no Palácio de La Moneda, em um encontro marcado pela crise na Venezuela, após a polêmica reeleição de Nicolás Maduro.

Os dois líderes de esquerda, que planejam assinar uma declaração conjunta ao término do encontro, têm assumido posições divergentes em relação às eleições de 28 de julho na Venezuela.

A autoridade eleitoral venezuelana, alinhada ao governo, declarou Maduro vencedor, apesar das denúncias de fraude da oposição.

Boric, um dos maiores críticos de Maduro, foi um dos primeiros líderes a questionar os resultados, considerando-os "difíceis de acreditar" e exigindo transparência.

Em retaliação, o governo venezuelano expulsou o pessoal diplomático de Santiago em Caracas.

Lula demorou dois dias para se pronunciar sobre as eleições na Venezuela. Embora tenha dito se tratar de "um processo normal, tranquilo", o presidente brasileiro fez um apelo para que as atas eleitorais sejam publicadas, como exigem vários governos, em apoio às suspeitas de fraude denunciadas pela oposição.

Em um comunicado conjunto publicado em 1º de agosto, Brasil, Colômbia e México instaram o regime venezuelano a avançar de maneira rápida na divulgação das atas eleitorais, um posicionamento que posteriormente recebeu apoio de Boric.

Lula chegou ao Palácio presidencial de La Moneda após depositar flores no monumento a Bernardo O'Higgins, líder da independência chilena.

Boric guiará Lula em um tour pelo palácio presidencial, incluindo o Salão Branco, onde está a reconstrução do gabinete de Salvador Allende, presidente deposto por Augusto Pinochet no golpe de Estado de 1973.

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Mais tarde, o mandatário brasileiro se reunirá com os presidentes da Suprema Corte de Justiça, do Senado e da Câmara dos Deputados.

A visita de Lula, que se estenderá até o meio-dia de terça-feira, inclui sua participação em um fórum empresarial e em uma reunião particular com o ex-presidente Ricardo Lagos, que anunciou sua retirada da vida pública em janeiro passado.

Durante a visita, está prevista a assinatura de cerca de 20 acordos de cooperação entre Brasil e Chile em áreas como segurança, saúde, comércio, cultura, ciência e turismo, entre outras.

Esta é a segunda visita de Estado na qual Boric atua como anfitrião. A primeira foi a do presidente colombiano Gustavo Petro, em janeiro de 2023.

O Brasil é o terceiro maior parceiro comercial do Chile, com negócios que totalizam 12 bilhões de dólares, o equivalente a quase R$ 70 bilhões.

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© Agence France-Presse

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