Temendo novos protestos, comércio do centro de SP deve baixar portas às 15h
Em São Paulo
Donos de bares, lanchonetes e lojas da região central de São Paulo pretendem dispensar funcionários e baixar as portas mais cedo nesta quinta-feira, por volta das 15 horas. A expectativa dos comerciantes é de que o novo protesto do Movimento Passe Livre, marcado para as 17 horas na frente do Teatro Municipal, cause mais uma vez caos e tumulto nas ruas do maior centro comercial do País.
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O policiamento também será reforçado a partir das 12 horas em pontos como o edifício Matarazzo, sede da Prefeitura, na Câmara Municipal e nos calçadões nas ruas Barão de Itapetininga e Sete de Abril.
Nesta quarta-feira à noite, Marcos Hernandes, 39, dono de uma padaria na rua Xavier de Toledo, já avisava seus funcionários sobre a possibilidade de fechar mais cedo. "Eu não vou nem esperar começar nada. Não vou deixar ninguém desse protesto fazer minha padaria de ponto de encontro e de banheiro público", disse Hernandes.
Alguns comerciantes já contabilizam os prejuízos pelo novo fechamento. "Na semana passada, eu fechei cinco horas antes. Isso, brincando, me deu mais de R$ 500 de prejuízo. Não acredito que isso vai acontecer outra vez", lamentou Paulo Leonardo Sarin, 46, dono de uma cafeteria na praça do Patriarca.
"Picharam minha loja na semana passada. Quem paga a conta?", reclamou Ronaldo Tenório, 52, dono de uma sapataria na praça Dom José Gaspar - a parede do estabelecimento ainda está com a inscrição "R$ 3,20 é roubo".
O protesto
O Movimento Passe Livre marcou uma nova manifestação contra o aumento das tarifas do transporte coletivo em São Paulo para esta quinta-feira (13). A concentração ocorrerá a partir das 17h em frente ao Theatro Municipal, no centro da capital paulista. O valor das passagens de ônibus, trem e metrô subiu de R$ 3 para R$ 3,20 neste mês.
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- http://noticias.uol.com.br/enquetes/2013/06/12/voce-acha-que-protestos-podem-levar-a-reducao-do-preco-da-tarifa-do-transporte-publico.js
O rumo da manifestação, no entanto, pode mudar de "protesto" para "celebração". Tudo vai depender do que decidirem o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) a respeito de um acordo a ser proposto pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo) sobre suspensão do reajuste por um período de 45 dias.
Se os governantes aceitarem o acordo, os movimentos sociais encabeçados pelo MPL (Movimento Passe Livre) terão de suspender as manifestações em vias públicas da capital paulista --poderão, por exemplo, usar o parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. Caso o acordo seja firmado, os líderes do movimento prometem transformar o ato em uma celebração.
Análises
"Por mais justo que seja baratear a tarifa, suas vantagens são questionáveis se for para ter menos, mais lentos, precários e superlotados serviços de transporte coletivo" Leia mais |
"Tudo se resume em utilizar táticas e arsenal"não letal"para controlar de modo pacífico um distúrbio. O policial tem que ter antes de tudo disciplina, e o policial que quase foi linchado é um perfeito modelo disso" Leia mais |
"Alguém acha que a realidade vai mudar apenas com protestos online ou cartas enviadas ao administrador público de plantão? Desculpe quem tem nojo de gente, mas protesto tem que mexer mesmo com a sociedade, senão não é protesto" Leia mais |
A medida não seria inédita. Em 2005, após três semanas de protestos, a prefeitura de Florianópolis recuou e reduziu o valor de todas as tarifas de ônibus da cidade.
O último ato, na terça-feira (11), reuniu cerca de 10 mil manifestantes. O grupo se concentrou na praça do Ciclista, na avenida Paulista, e caminhou pela região central até retornar à via. Durante o caminho, houve confronto entre manifestantes e PM, depredação do patrimônio público e privado, pichações de ônibus e 20 detidos.
A estudante de ciências sociais Paula Kaufmann, do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da USP, diz acreditar no poder da pressão exercida pelas manifestações. "Enquanto tiver gente na rua haverá uma pressão para que isso aconteça [redução da tarifa]", disse.
Haddad e Alckmin, que foram a Paris para apresentar a candidatura de São Paulo à Expo 2020, deverão chegar à capital no início da manhã desta quinta. A agenda do prefeito prevê reuniões internas apenas a partir das 14h30. Já a agenda de Alckmin aponta compromissos em Santos, no Guarujá e em São Vicente, na Baixada Santista, das 10h às 19h.
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Protestos pelo Brasil
Representantes do DCE da USP disseram que esta quinta-feira (13) também será de protestos pela redução das tarifas no Rio de Janeiro, em Maceió (AL), em Natal (RN) e em Porto Alegre (RS). Na capital gaúcha, em abril uma liminar da Justiça suspendeu o aumento da tarifa (de R$ 2,85 para R$ 3,05), mas manifestantes temem que a decisão seja revertida e marcaram novo protesto para hoje.
A questão das tarifas do transporte coletivo vêm sendo alvos de protestos, manifestações e ações judiciais em várias capitais brasileiras desde o início de 2013. Em Fortaleza, as passagens foram reajustadas de R$ 2 para R$ 2,20, depois reduzidas de R$ 2,20 para R$ 2 e, em seguida, voltaram a custar R$ 2,20.
Em Natal, estudantes foram às ruas protestar depois que a prefeitura anunciou aumento de R$ 2,20 para R$ 2,40, em maio. Um mês depois, uma portaria reduziu o valor da tarifa para R$ 2,30.
A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou no início deste mês de junho o reajuste no valor das passagens de ônibus, que subiram de R$ 2,75 para R$ 2,95. O aumento provocou reação. Nessa segunda-feira (10), manifestantes foram às ruas protestar contra o reajuste, e 31 foram presos.
Em Goiânia, a tarifa foi reajustada de R$ 2,70 para R$ 3. Houve protestos. Uma liminar determinou que o valor voltasse a R$ 2,70. E Florianópolis enfrentou dois dias de greve do transporte coletivo, com paralisação de 100% da frota. Cerca de 400 mil pessoas ficaram sem ônibus. As tarifas na capital catarinense são de R$ 2,90.