Operação da PM cai à metade e camelôs invadem SP

Em São Paulo

  • Mario Angelo/Sigmapress

    Polícia Militar não deixa ambulantes montar barracas no Brás, centro de São Paulo

    Polícia Militar não deixa ambulantes montar barracas no Brás, centro de São Paulo

O número de policiais militares contratados pela Operação Delegada da Prefeitura de São Paulo caiu pela metade desde o início da gestão Fernando Haddad (PT).

Vitrine do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) e promessa de continuidade na campanha do petista, o projeto foi desidratado no primeiro semestre e seu contingente teve redução de 3.439 para 1.853 PMs. Como menos policiais na fiscalização, ambulantes tomam as ruas e comerciantes cobram a volta do efetivo.

Criada em 2009, a operação virou uma franquia que já chegou a 17 cidades do Estado e está em processo de implementação em outras 40. Na capital, porém, a relação entre Haddad e o comandante-geral da PM, Benedito Roberto Meira, sempre foi tensa. O petista não queria o foco no combate aos camelôs e tentou fazer com que os PMs trabalhassem à noite na periferia, sem sucesso.

Protestos de camelôs em 2012
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Na região da avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona sul, a retirada de 50 dos 67 PMs da operação causou mobilização da associação de moradores Ame Jardins. "Aumentaram as ocorrências de furto e roubo e teve um caso de saidinha de banco", diz João Moradei Junior, diretor da entidade. O grupo cobrou da prefeitura, e os PMs voltaram às ruas da região.

A situação causou polêmica também em outras áreas da cidade. "A gente percebeu que o efetivo vem diminuindo e os camelôs estão voltando", diz Kelly Cristina Lopes, da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Bom Retiro. "Prejudica porque, muitas vezes, os ambulantes estão vendendo o mesmo produto que o comerciante na porta dele e sem pagar imposto."

Os camelôs usam esteiras e caixas de papelão para fugir da fiscalização com velocidade. "Agora, a gente só espanta. Antes, apreendia a mercadoria", diz um soldado da PM. O presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade, Edson Luiz Vismona, diz que a fiscalização foi abandonada. "Em oito meses de governo, a Prefeitura ainda está pensando no que vai fazer", afirma.

A Prefeitura também retirou a Guarda Civil Metropolitana da fiscalização. A gestão Haddad planejava que as duas corporações fizessem um trabalho de patrulhamento comunitário.

Noite

A administração municipal anunciou anteontem que abortou a tentativa de colocar a Polícia Militar à noite na periferia na Operação Delegada. Segundo a Prefeitura, os policiais não se interessaram. O principal temor seria a dificuldade de deixar esses bairros no período noturno.

"A população reclamou muito da violência dos policiais. A Operação Delegada não era uma meta nossa de campanha e não é prioridade do governo. Segurança é uma questão de Estado e que o Município contribui na medida do possível", disse a secretária municipal de Planejamento, Leda Paulani.

O número de PMs deve diminuir ainda mais. Nos bastidores, fala-se que a diminuição acontece porque a polícia não apresenta corretamente o nome dos contratados, que passou a ser pedida pela atual administração. Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública afirmou que "a Prefeitura não ofereceu as condições necessárias para o sucesso da Operação Delegada noturna". As informações são do jornal "O Estado de S.Paulo".

Relembre confrontos na Feira da Madrugada entre PM e vendedores ambulantes, em 2011
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