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Oferta de Bolsonaro aos EUA para instalação de base gera críticas entre militares

Bolsonaro admite que Brasil pode ter base militar dos EUA

SBT Online

Roberto Godoy

São Paulo

05/01/2019 10h27

A possibilidade de o governo do Brasil ceder espaço territorial para instalação no país de uma base militar dos Estados Unidos é desnecessária e inoportuna na opinião de três generais e três oficiais superiores ouvidos nesta sexta-feira (4) pelo jornal O Estado de S. Paulo. Admitida em entrevista ao SBT pelo presidente Jair Bolsonaro como uma questão a ser estudada no futuro, a ideia não se afina com a política nacional de Defesa.

Um dos chefes de tropa lembra que acordos desse tipo só se justificam quando há risco de agressão externa fora da capacidade de reação e capaz de colocar em perigo a integridade da nação - "é o caso do menino fraco que chama o amigo forte para enfrentar os valentões da rua; estamos longe disso", exemplificou.

Na prática, a iniciativa pode ser um fator complicador nas delicadas discussões bilaterais para uso do Centro de Lançamento de Alcântara, da Força Aérea, no Maranhão. A posição do complexo e as condições climáticas favoráveis na maior parte do ano contribuem para redução significativa dos custos da operação comercial do transporte espacial para posicionamento de satélites. Os americanos gostariam de um aluguel de longo prazo. Os brasileiros querem vender serviços em regime de cooperação - todavia, sem ceder o controle da base.

Durante os anos finais da 2ª Guerra Mundial, a aviação dos Aliados, liderada pelos EUA em larga proporção, negociou a construção em Parnamirim, no Rio Grande do Norte, de uma gigantesca base aérea. Duas pistas, 700 prédios, 4.600 combatentes e tráfego diário de 400 a 600 aeronaves para lançar ataques contra objetivos no norte da África e sul da Europa. Em 1945, nos termos do acordo firmado entre os presidentes Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt, aviões e pessoal americanos saíram das instalações. Nos quatro anos de operação conjunta da base, a população da capital, Natal, dobrara de 40 mil habitantes para 80 mil.

Documentos do Departamento de Estado registram uma tentativa de prorrogação do pacto de colaboração, em 1946, por um período de 50 anos. A chancelaria do Brasil informou a Washington que a então recém-criada FAB tinha planos próprios para o conjunto. Ao longo do tempo, nenhum outro tratado do mesmo tipo foi negociado.

As Forças Armadas mantêm acordos com organizações militares estrangeiras para receber grupos de treinamento especializado - por exemplo, em disciplinas de guerra na selva - ou para exercícios combinados de combate aéreo. E é só.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.