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'Raul Brasil tem uma história e precisa superar trauma', diz secretário

9.mai.2018 - Rossieli Soares da Silva,  secretário estadual da Educação - Renato Costa/Estadão Conteúdo
9.mai.2018 - Rossieli Soares da Silva, secretário estadual da Educação Imagem: Renato Costa/Estadão Conteúdo

Felipe Resk

Em São Paulo

13/04/2019 10h40

Em entrevista, o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, discute medidas para evitar novas tragédias e afirma que planeja fazer "uma grande reforma" na Escola Raul Brasil, que foi palco do massacre. "A Raul Brasil é um capítulo importante, porque viveu um trauma muito acima do que qualquer outra de São Paulo".

Quais medidas são pensadas para segurança nas escolas?

Estamos discutindo com especialistas um pacote não só na área de segurança. Vai desde pequenas melhorias de infraestrutura, como implantar portão eletrônico com interfone, à melhoria de procedimentos. Precisamos olhar a raiz do problema. Não adianta ter mais segurança, sem discutir, por exemplo, como o currículo interage, como mapear a situação e não perder esses meninos na origem. Encontrando, inclusive, um meio de envolver a família.

E como colocar em prática?

Nas escolas de tempo integral, há experiência muito interessante de trabalho de projeto de vida. Na Educação, a gente precisa ter espaços para escutar o jovem e ajudar a direcioná-los. Saber qual é o sonho dele e como a escola pode interagir. Precisamos trazer o acolhimento para toda a rede.

Na Raul Brasil, há relatos de aulas vagas e alunos que não voltaram. O que, efetivamente, foi feito nestes 30 dias?

Há acompanhamento psicológico diário. Além disso, estamos fazendo um convênio com a prefeitura para instalar um botão do pânico e vamos contratar três psicólogos para trabalhar por dois anos dentro da escola. Reforçamos a equipe de professores, com quatro a mais, para cobrir ausências. A gente também busca melhorar o diálogo com a comunidade e ouvir todas as propostas dos pais.

E em relação à segurança?

A gente avalia colocar um portão eletrônico e segurança mais forte. A escola já tinha câmeras, isso ajuda mas não resolve. Há detalhes que podem minimizar o risco, como diminuir o volume de pessoas que circulam na escola. Investir em procedimentos digitais, por exemplo, evita que um ex-aluno ou algum pai precise entrar só para solicitar um documento.

Psicólogos afirmam que é da natureza humana relacionar uma tragédia ao local em que ela aconteceu. O Estado estuda desativar a Raul Brasil ou construir uma nova escola?

Não. A parte de infraestrutura física já recebeu suporte, com mudança de espaços, inclusive por causa do trauma. Um piso foi pintado a pedido de alunos e professores. Estamos buscando ajuda da iniciativa privada, vai haver uma grande reforma. O projeto é para incluir áreas que hoje não existem, como auditório. É lógico que nós apoiamos quem não quer mais ficar lá, mas a Raul Brasil tem uma história e precisa superar o trauma, com as medidas certas. Isso leva tempo.

O sr. afirmou que a escola precisa se aproximar do aluno e da família. No caso do massacre, dois dos três responsáveis tinham pais ausentes, com problemas com droga e passagem pela polícia. A escola falhou ao não preencher a ausência da família? Qual a culpa do Estado pelo ataque?

Não entendo que a escola possa ser responsabilizada pelo que aconteceu. A Constituição Federal diz que é da família e da escola o dever da educação. Na escola, não necessariamente existe a manifestação desses traços, vamos dizer assim, de psicopatia. Com o menino mais novo, por exemplo, a único ocorrência era de chegar atrasado. A gente precisa do conjunto da família e da sociedade para nos auxiliar. (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)

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